Quando as conversas sobre o processo eleitoral do ano que vem começaram, havia uma sensação de que o grande embate nas urnas seria na disputa ao Senado, com um pleito bem competitivo no Estado. Os dois senadores, Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB), fortes, defendendo seus mandatos, contra talvez uma dupla formada pelo governador Paulo Hartung (PMDB) e o deputado estadual Amaro Neto (SD). Muita coisa aconteceu desde então.
As denúncias da Odebrecht atingiram em cheio o senador Ricardo Ferraço e o governador Paulo Hartung. Tanto que o segundo, já baqueado com a crise da PM, hoje já não é nem cotado para essa disputa. Quanto ao tucano, o primeiro sintoma foi o fim da parceria com Malta. O republicano garante que não foi ele que se afastou de Ricardo, com quem vinha fazendo par de jarro, mas a impressão do eleitor foi de que Ricardo foi excluído do clube de amigos do colega de bancada. Mas o problema pode ser outro: sua posição nas reformas trabalhistas não agradou o eleitorado.
Uma coisa que se dizia até pouco tempo é que em disputa estaria mesmo era a vaga de Ricardo, porque a de Malta, com seu eleitorado fiel, estava garantido. Hoje a coisa já não é vista desse jeito. Ele se elegeu pela primeira vez ao Senado com a bandeira do combate ao narcotráfico e do combate à pedofilia. Rodou o País, fez CPI, deu voz de prisão, e ganhou visibilidade.
Em 2010, sua bandeira foi a redução da maioridade penal, mesmo sabendo que se trata de uma cláusula pétrea da Constituição, aproveitou um discurso facilmente aceito pela população revoltada com a violência e se reelegeu. Sete anos depois, o discurso caiu no desuso. Por isso, o senador vem tentando encaixar outros discurso para sua reeleição, mas a impressão é de que ainda não decolou.
O discurso anti-PT não cola porque ele fez campanha e se beneficiou bastante do apoio a Lula e Dilma no passado, fica oportunista. As bandeiras antigas não se cabem para uma nova eleição, remendar roupa velha não ganha o eleitor.
Em 2010, Malta venceu sozinho e com o grupo palaciano tentando esvaziá-lo. Hoje o senador não tem o mesmo capital de antes. Ele se uniu a Hartung em 2015 e seu discurso de combate às elites políticas do Estado foi por água abaixo.
Mas ele tem um trunfo. Com mulher, a cantora Lauriete a tiracolo, Malta oferece a bandeira da defesa da família, algo subjetivo que cada vez mais tem agradado o eleitor mais conservador. Se isso vai ser suficiente para garantir os mais de um milhão de votos que precisa para o terceiro mandato no Senado, só as urnas vão poder dizer.
Fragmentos:
1 – Para ficar dentro do limite da responsabilidade fiscal, o prefeito de Marataízes, no litoral sul do Estado, Tininho Batista (PRP), assinou na última semana um decreto reduzindo em 10% os seus próprios vencimentos, o do vice-prefeito, secretários e servidores comissionados.
2 – O prefeito de Marechal Floriano, Cacau Lorenzoni (PP), passou o primeiro semestre de seu primeiro ano de mandato mergulhado nas planilhas. Agora garante que as contas estão em dia e que já pode pensar em investimentos para a cidade. O projeto que é menina dos olhos da prefeitura é um polo tecnológico para tentar desenvolver a região serrana.
3 – Pelas redes sociais é possível acompanhar as andanças não só deputado Padre Honório (PT), mas também de seus assessores em nome do mandato. Onde não pode ir, manda alguém do gabinete para atender os eleitores.