Luciano Rezende, do PPS, prefeito de Vitória até 2020, perdeu, mesmo que seus interlocutores digam o contrário, assumindo uma postura mais do que natural para não dar o braço a torcer e fazer parecer que tudo está bem. Mas, de verdade, mesmo, é que Luciano deixou de alcançar alguns de seus mais preciosos objetivos, um deles manter o seu partido no comando da Câmara de Vereadores.
Nesta quarta-feira (15), os 15 vereadores da atual legislatura elegem Cleber Felix, o Clebinho (PP), como o novo presidente da Casa, para ser empossado em janeiro de 2019. Ele entra no lugar do líder do prefeito, Leonil Dias (PPS), que sequer figura na chapa única formada depois que o bloco do Executivo foi dissolvido.
Como em todos os movimentos políticos, está à frente o escudeiro de Luciano, Fabrício Gandini, que, no caso da Câmara, concordou em entregar os anéis para não perder os dedos, como diz o ditado popular. Foi ele, também, como presidente estadual do PPS, que tentou, juntamente com o prefeito, indicar o vice de Renato Casagrande (PSB) na disputa ao governo do Estado, gerando outro revés.
O prefeito não conseguiu emplacar seu antigo braço direito Lenise Loureiro como vice. Sem conseguir superar problemas nas coligações partidárias, a indicada de Luciano foi preterida pela ex-vereadora de Cariacica, Jacqueline de Morais.
Sonho desfeito, Lenise terá que enfrentar as urnas em 7 de outubro, como candidata a deputada federal, com pouquíssimas chances de vitória. Uma rejeição que marcou e provocou estremecimento, a ponto de quase ameaçar a coligação partidária.
No caso da Câmara, os anéis que se vão são representados, além da perda da presidência, na redução de controle sobre as comissões e cargos comissionados, esse lastimável canal de cooptação de cabos eleitorais, e a inclusão como segundo vice-presidente do vereador Roberto Martins (PTB), uma das vozes discordantes das imposições de Luciano Rezende.
Costumeiramente boicotado pela atual administração da casa, Roberto Martins deverá ter papel destacado na Mesa Diretora que será eleita nesta quarta-feira, principalmente depois da votação de 7 de outubro, que deverá levar Fabrício Gandini para a Assembleia Legislativa, como deputado estadual eleito, deixando vago o cargo de primeiro vice-presidente.
É evidente que a composição entre os dois blocos enfraquece os movimentos de insatisfação manifestados desde dezembro de 2017 por seis vereadores que se sentiam desprestigiados. No entanto, em que pese a influência que Luciano poderá ter sobre o vereador Clebinho, o futuro presidente, a chapa única terá condições de trazer de volta o debate e fazer fluir de forma natural e democrática projetos que desagradem ao prefeito.
Com uma gestão apagada, apesar da maquiagem aplicada, principalmente nas chamadas áreas nobres da cidade, Luciano Rezende caminha para a metade do segundo mandato com perdas significativas.
Um contexto que amplia ainda mais a marca de uma administração cuja marca é a ausência de entrega de obras de peso. Dos grandes projetos anunciados, a grande maioria permanece no papel, sem serventia nenhuma para a população.