Está fazendo um ano que a maioria dos eleitores brasileiros sufragou pela segunda vez Dilma Rousseff para o cargo principal da política brasileira. De lá para cá, a presidenta escorregou num tobogã que aos poucos lhe retirou o prestígio, a credibilidade e a confiança nacional.
Afinal, o que aconteceu? Não foi apenas a sede de vingança do derrotado Aécio Neves ou o oportunismo de seus aliados.
Dilma abriu a guarda já na campanha, quando se submeteu ao jogo exagerado do marqueteiro João Santana. E se deixou nocautear quando, numa guinada de 180 graus na política econômica, substituiu o ministro Mantega pelo ministro Joaquim Levy.
Como pode ter mudado tanto? Por que aceitou tamanha virada?
É de se acreditar que Dilma tenha se estressado a tal ponto que deixou a presidência meio acéfala por alguns dias/algumas semanas após a vitória eleitoral. Nesse período, sabemos, ela se dedicou a um regime de emagrecimento, durante o qual seguiu a receita de um guru argentino, sabe-se lá com que consequências psíquicas e fisiológicas.
Quando voltou a si, 12 quilos mais magra, ostentando uma beleza surreal, Dilma havia adotado o ajuste fiscal. As cassandras tinham tomado conta do Palácio. O raposão Michel Temer tentou ocupar o vácuo, mas os petistas lhe puxaram o tapete. Foi pra moita, junto com o presidente do Senado Renan Calheiros, enquanto um tipo sinistro, misto de bicão e pastor, assumia o comando da Câmara dos Deputados, ajudado pelo chamado baixo claro.
A mídia foi fundamental nessa escalada conservadora que visa, sobretudo, fazer retroceder, em nome do Mercado, as medidas sociais dos governos petistas, que perderam grande parte da credibilidade diante das denúncias de corrupção na Petrobras, a estatal “privatizada” por um bando de canalhas mancomunados com uma máfia de empreiteiros.
Resumo da ópera circense brasileira: enquanto as principais cabeças de república se comportam como acróbatas, mágicos, malabaristas e palhaços, Dilma segue pendurada no alto do trapézio por um fio. Um fio legal. Um fio de papel. O fio da Constituição.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Todo mundo leva pau no exame de consciência”
Millôr Fernandes