O próximo ano será bastante atípico. Além da eleição presidencial e estadual, haverá uma Copa do Mundo no Brasil. Em um ano de pouca atividade, fica difícil tentar apontar os caminhos para a mobilização popular, uma vez que tudo já está pautado.
Mas, além da classe política, é preciso pensar em nível mais profundo os movimentos sociais. O movimento sindical também não pode ficar fora desta discussão. Se tem uma coisa que 2013 deixou claro, inclusive nas ruas, é de que é preciso repensar a política no país.
Quando se fala isso, logo se pensa em eleição para cargo institucional, mas a coisa deve começar de baixo. O movimento sindical é um bom caminho para isso. Hoje vemos à frente das direções sindicais gente que está há mais de 30 anos e, por incrível que pareça, o desconhecimento e o desrespeito pela história da luta de classe no Brasil é geral. Não há renovação e as práticas capitalistas estão cada vez mais inseridas no comando das entidades.
Um exemplo muito claro disso vem da ArcelorMittal, antiga CST, que antes da privatização contava com 6.200 funcionários. O movimento naquela ocasião foi contra a privatização, mas não teve força para evitar o rolo compressor. Hoje, Arcelor tem menos de dois mil funcionários, com salários reduzidos e uma prática de terceirização e quarteirização desumana. Salários aviltados em funções de extrema complexidade e periculosidade.
Quando CST, uma das justificativas para vendê-la era de que não dava lucro. Na verdade dava, e muito, aos trancos e barrancos ele era dividido com seu corpo de funcionários. E hoje a Arcelor tem alto lucro, mas para onde está indo esse recursos, uma vez que temos menos funcionários e salários baixos?
Só para se ter uma ideia do cúmulo a que se chegou, até o brinde de Natal dos aposentados foi cortado. Depois de perder a saúde nas atividades insalubres da empresa, os aposentados agora têm de pagar o plano de saúde, que é alto.
Essas distorções acontecem justamente porque não há no sindicato a participação dos trabalhadores. As entidades têm se desidratado, perdido lideranças e entrado em um perigoso jogo de cartas marcadas com o capital. É preciso voltar ao chão da fábrica, conquistar os jovens trabalhadores e mostrar a importância da mobilização das categorias na formação de uma nova consciência para uma nova classe trabalhadora.
Não dá mais para o sindicato trabalhar com práticas do início da década de 1980. Também não dá para fazer as adaptações à revelia desse novo trabalhador. É no chão da fábrica que a classe trabalhadora conhece os problemas e pode oferecer sugestões. Além disso, é lá que se pode formar as lideranças que poderão defender a sociedade na política institucional.
Enfim, 2014 traz um desafio para o movimento sindical: se reinventar. Buscar formas de se aproximar dos trabalhadores, conquistá-los, mobilizá-los e, assim, formar uma nova consciência de classe.