O movimento sindical que gerou o Partido dos Trabalhadores no final da década de 1970 tornou-se a esperança de uma meia volta do PT no que se refere a sua linha ideológica. O partido desde a chegada de Lula à Presidência adotou uma linha pragmática extremada que em muitas vezes deixa de lado sua ideologia.
O movimento sindical pautado pela teoria e prática tem mostrado que na prática a teoria é outra. E isso tem trazido prejuízos não só para o movimento sindical, mas também para o partido que é fruto dele. Ambos sofrem com o afastamento da sociedade o que pode determinar o esvaziamento do partido, assim como já aconteceu com o sindicato.
Muita gente dentro do PT já faz essa avaliação. É preciso que o partido retome o diálogo com os movimentos sociais. As últimas eleições mostraram que esse pragmatismo estremado tem feito com que o partido diminua seus espaços institucionais.
Se as lideranças perderam a capacidade de buscar o diálogo com a sociedade, ficaria o movimento sindical, que ainda é muito forte dentro do PT, responsável por essa retomada. Como o movimento sindical está começando a entender a necessidade de o fortalecimento de uma oposição dentro das entidades no sentido de restabelecer o ambiente democrático e garantir a mobilização, talvez seja o momento de esse debate também começar a ser travado dentro do partido.
Hoje há boas lideranças sindicais dentro do PT, mas a mobilização da militância enfraqueceu. O Processo de Eleição Direta (PED) ao mesmo tempo em que fortaleceu o processo democrático de escolha do presidente, também criou um fisiologismo eleitoral. Os votos são cartas marcadas já articulados no processo de filiação que acontece um ano antes da eleição interna propriamente dita.
Cada tendência já tem seus votos e a união de algumas tendência determina a hegemonia do partido. O PT do Espírito Santo precisa primeiro de um projeto para o Estado e este projeto não pode ser feito em reunião de cúpula. Deve ser um projeto que envolva a sociedade e aí entra o movimento sindical, assim como os demais movimentos sociais. Ou PT faz isso agora ou vai ter de retomar a eleição do presidente em plenária. Do jeito que está não tem como diferenciar o PT de outros partidos. O Partido dos Trabalhadores tem de voltar a ser identificado com a classe que lhe dá o nome. É preciso pesar no trabalhador.