Passado o Carnaval e amenizado – não resolvido – o movimento da Polícia Militar, a Assembleia voltará ao trabalho na próxima segunda-feira (6) e será possível perceber qual será sua postura para o resto do ano. As primeiras impressões não foram de tanta harmonia na Casa. O cenário de confusão nas ruas parecia ter contaminado o plenário.
Depois da deseleição do deputado Theodorico Ferraço (DEM) para a presidência da Mesa Diretora e a confusão na distribuição das Comissões Permanentes, além da manutenção do deputado Gildevan Fernandes (PV) na liderança do governo, a situação ficou confusa e agora é hora de depurar para ver o que sobra.
Aparentemente os primeiros sintomas já são percebidos. Sérgio Majeski (PSDB) declarou-se oposição. Josias da Vitória (PDT), atacado no auge da crise pelo governo como um dos que teriam incentivado o movimento da PM, parece ter entendido que não tem caminho de volta para a base governista.
O próprio Ferraço, magoado com o tratamento dispensado pelo Palácio, na eleição da Mesa, também se torna imprevisível e seus primeiros movimentos não são muito afinados com o governador Paulo Hartung (PMDB).
Somam-se a essa crise os deputados socialistas, Freitas e Bruno Lamas. O deputado Euclério Sampaio (PDT) esteve ao lado do grupo que articulou a eleição da Mesa, mas em se tratando de Euclério, isso não significa aliança com o governo.
Não são muitos, mas já causam muita dor de cabeça. Além disso, o desgaste do governo abre espaço para a crítica. Ao chegar às bases e serem cobrados pelos eleitores, os deputados vão ter de fazer uma escolha em relação às suas posições no plenário. Por isso, o governo deve investir na interlocução com a Casa, para evitar um novo motim, dessa vez, na base governista.
A eleição 2018 pressiona de um lado e o governo do outro. Resta saber o que o governo vai oferecer de contrapartida pela docilidade dos parlamentares e como vai ficar a acomodação para a disputa à reeleição. Resta saber se Hartung terá condições de fazer uma coisa ou outra.
Fragmentos
1 – Três vereadores de Mucurici, norte do Estado, apresentaram um projeto para mudar o regimento interno da casa, reduzindo de 90 para 45 dias, o recesso parlamentar na Câmara Municipal. A matéria vai enfrentar algumas resistências no plenário e a população promete acompanhar.
2 – Já em Guarapari, em uma sessão bem tumultuada, a Câmara rejeitou na semana passada, por 12 votos contra e apenas dois a favor o projeto de resolução que previa a diminuição dos salários para a próxima legislatura.
3 – O deputado federal Carlos Manato (SD) entrega nesta sexta-feira (3) a quebra de seu sigilo telefônico à Polícia Federal. O parlamentar quer provar que não tem relação com o movimento da Polícia Militar no Estado.