terça-feira, abril 29, 2025
26.9 C
Vitória
terça-feira, abril 29, 2025
terça-feira, abril 29, 2025

Leia Também:

Quem se habilita?

Jean Willys é o que há de melhor na política brasileira hoje. Menino pobre, graduado em jornalismo e pós-graduado em letras e linguística, se destacou num programa medíocre de TV e com o menor índice de votos válidos, foi eleito deputado federal pelo PSOL do Rio de janeiro. Mas mesmo assim nunca se afastou de suas propostas, nunca fez nenhuma associação espúria, nenhuma concessão para conseguir apoio a uma provável reeleição. Foi apontado esse ano, pela segunda vez, pela organização congresso em foco, o melhor deputado brasileiro na opinião dos jornalistas que cobrem o congresso nacional e de internautas.
 
Referencia na defesa dos direitos humanos, o Jovem Jean é um dos poucos políticos brasileiros assumidamente gay. Trava uma batalha feroz contra políticos conservadores e fundamentalistas religiosos, que se aproveitam da impunidade do cargo para disseminarem o preconceito e o ódio. São, ao contrario de Jean, o que há de pior no congresso.
 
Não só na defesa dos LGBTs, Jean se opõe a todo tipo de opressão. Entre as muitas frentes de luta estão os direitos trabalhistas das profissionais do sexo, a violência contra a mulher e por uma melhor educação pública e gratuita. Isso foi o suficiente para Jean ser caluniado pelos assessores do Pastor Silas Malafaia, que o acusaram de promover e incentivar a pedofilia, foi ameaçado de morte pela internet e por telefonemas anônimos, o que ainda está sendo investigado pela policia federal.
 
Ano que vem, ano de eleições, toda a artilharia do mal vai estar apontada para Jean, mas isso só o fortalece. Sua voz a cada dia se levanta mais alto em prol das minorias sociais. O que falta para o Brasil são mais Jeans, não só em Brasília, mas em todo o território nacional e em todas as esferas da política. Precisamos de muitos iguais a ele aqui no Espírito Santo, onde galopa a homofobia nas casas políticas e um governador omisso, sucumbe a políticos fundamentalistas e engaveta nossas reivindicações.
 
Nós, os LGBTs estamos em todos os seguimentos sociais, assumidos ou não, bons ou maus, somos como todo mundo. Queremos os mesmos direitos civis, pagamos os mesmos impostos. Apenas somos minoria. Essa minoria que também é questionável, pois na essência somos todos diferentes uns dos outros, únicos, cada um, um mundo aparte, e é essa diversidade que torna a humanidade fantasticamente desigual.
 
Que surjam os Jeans capixabas e venham ao nosso socorro, precisamos deles nas câmaras, nas assembleias, nos tribunais e nos postos de comando. Mas cuidado existem muitos farsantes por aí. Precisamos de Jeans verdadeiros e envolvidos com a defesa dos direitos humanos, não heróis, mas sim, como disse Jean Willys, que cumpram o seu dever como promotores da democracia e representantes do povo, principalmente dos mais oprimidos e em risco social.
 
Pois é! Lá em Brasília Jean Willys nos representa, mas e aqui? Quem? Alguém se habilita?
 

Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]

Mais Lidas