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Reajuste zero, tolerância zero

A marca deste terceiro mandato de Paulo Hartung (PMDB) é a política de austeridade. A ordem para toda sua equipe, desde o primeiro dia de governo, tem sido cortar, cortar e cortar. A política de trancar o cofre e jogar a chave fora, quem diria, acabaria se transformando na principal plataforma publicitária do governo. Graças a um excelente trabalho de assessoria, o modelo de gestão capixaba foi assimilado pelo mercado, por parte da classe política e formadores de opinião. 
 
Ao final do segundo ano de governo, ao menos para fora do Estado, o modelo de gestão de Paulo Hartung era reconhecido como um “case de sucesso”. Os entusiastas externos não sabiam, porém, qual o preço que os capixabas estavam pagando pela política de austeridade. 
 
A falta de recursos paralisou obras, cortou os repasses aos municípios e sacrificou as três áreas essenciais de qualquer governo socialmente responsável: educação, saúde e segurança. Foi na segurança que a crise eclodiu em fevereiro último. Os policiais militares, donos de um dos salários mais baixo do país, iniciaram um movimento sem precedentes. Foram 22 dias de greve e mais de 200 mortes. Um caos generalizado. Era a conta da austeridade sendo cobrada com juros e correção.
 
Essa insatisfação em relação às reposições salariais não estava restrita só aos policiais militares. Muito antes dos PMs entrarem na luta, outros categorias do funcionalismo já vinham exigindo que o governo cumprisse a Constituição Federal e concedesse a revisão anual nos vencimentos dos servidores. A mesma promessa que o governo fez aos militares fez a outras categorias. Disse que, mais à frente, ou seja, agora, faria um balanço do quadrimestre para avaliar se poderia ou não atender ao pleito dos servidores.
 
A resposta foi dada nesta sexta-feira (23) pelo chefe de Gabinete do governo. Paulo Roberto disse, na lata: “Não vamos conceder novamente a revisão este ano”. Novamente porque este é o terceiro ano consecutivo que o governo não autoriza a revisão. Nas justificativas, que pouco devem interessar aos servidores neste momento, Paulo Roberto “culpou” a interrupção das atividades da Samarco e uma nova redução no valor dos royalties dos petróleos. 
 
Se a revisão é zero, a tolerância dos servidores também é zero. Mal deixaram a reunião com o governo, os representantes dos sindicatos já anunciaram um cronograma que prevê três paralisações em julho. No cordão dos insatisfeitos, não se sabe ainda como os policiais reagirão à negativa do governo. O que se sabe é que o funcionalismo pode se tornar o principal adversário de Paulo Hartung no processo eleitoral de 2018.

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