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Refugiados e emigrantes

Nas areias de uma praia o corpo de uma criança morta, Aylan Kurdi. Ele, o irmão e a mãe foram tragados pelo mar. O pai viu seus filhos escorregarem de suas mãos arrastados pelo mar juntamente com sua mulher.
Uma tragédia não apenas de um pai, que perdia os dois filhos ea esposa. Era parte de uma tragédia global onde milhões de refugiados de guerras, vítimas de interesses econômicos, políticos e militares de muitos governos europeus e dos EUA, que invadem países, derrubam governos ou que incentivam guerras internas para atender a interesses de grandes empresas ou de grupos rivais. 
Acompanhamos nos noticiários todos os dias cenas de milhares de pessoas desesperadas que em frágeis barcos tentam atravessar o mar mediterrâneo, ora fugindo das guerras, ora das condições precárias de sobrevivência em seus países. Essas pessoas buscam refúgio, tentam desesperadamente encontrar alguma alternativa que não seja continuar viver num país em guerra ou onde não tenham as mínimas condições de sobrevivência por falta de trabalho, e de alimentação para suas famílias.
Em terra, no continente, governos insensíveis constroem muros, barreiras de arame farpado e polícias que levam para acampamentos de refugiados que mais se assemelham a campos de concentração. São mais de 35 milhões de refugiados de guerra de pessoas fugindo de calamidades naturais, ou de condições mínimas para sobreviver em seus países. As causas destes dramas precisam cessar ou ser atenuadas.
O Brasil, mesmo sem guerras internas e externas, sem conflitos étnicos raciais e religiosos, tem hoje mais e 3,5 milhões de brasileiros que estão vivendo no exterior, legal ou ilegalmente, buscando melhores condições de vida, trabalho, estudo. Queremos e lutamos para que todos sejam tratados com todo o respeito e dignidade que merecem. 
O Brasil, pela sua extensão, pela sua formação multirracial e pela sua tradição de acolher estrangeiros será sem sombra de dúvidas o destino de um grande número de estrangeiros refugiados de guerra, vindos dos continentes diversos, a exemplo do que já ocorria. Agora com as guerras provocadas ou incentivadas pelas grandes potências, EUA, França, Inglaterra, Itália, Alemanha e outros certamente receberão mais refugiados.
O Brasil sempre foi uma referência para o acolhimento de diferentes povos e etnias, desde os tempos do Império, quando aqui chegaram da Europa de várias nacionalidades, italianos, alemães, portugueses, e também da Ásia chegaram japoneses e chineses,
Assim também têm sido durante o período republicano e em especial durante as últimas duas grandes guerras, quando o Brasil acolheu milhões de refugiados e de emigrantes.
Pela condição de país de grande extensão territorial, pela formação de um povo de multirracial, o Brasil tem sido referência no mundo para emigrantes e refugiados de guerra, também e principalmente pela legislação avançada na questão do acolhimento.
O Haiti que vivenciou uma grande tragédia natural, que ceifou a vida de milhares de pessoas, além da destruição de casas, escolas, hospitais e fábricas deixando praticamente desestruturando a frágil economia daquele país agravado a isto a situação política, do quase não estado. Esta situação fez com que milhares de famílias haitianas buscassem no Brasil as condições para reconstruir suas vidas.
O Brasil já é e tenderá ser cada vez mais a grande referência para refugiados e emigrantes no mundo. Devemos lembrar sempre dos milhões de brasileiros cujos pais e avós vieram dos diferentes continentes, e aqui encontram condições para refazer suas vidas, trabalhando e produzindo riquezas matérias, culturais e civilizatórias. 
Devemos aperfeiçoar nossas instituições, nossa legislação e abraçar essas pessoas que enxergam no Brasil um lugar de esperança no mundo. Nosso povo já deu exemplos de acolhimento de outros povos e etnias, eles aqui chegaram trazendo suas bagagens de humanidade e de identidade que hoje é parte do patrimônio de que nos orgulhamos.   
No Dia 7 de Setembro a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil estava disposto a acolher refugiados de todo mundo e em diferentes momentos da nossa historias essa vontade politica foi expressa e comprovada.
No ano passado o Brasil realizou sua Conferência de Políticas para Refugiados e Emigrantes, tendo sua etapa regional no Espirito Santo. Dessa conferência participaram estrangeiros, que viviam na condição de estudantes, de refugiados ou aguardando visto de naturalização, e de instituições da sociedade civil e do poder publico, foram inúmeras as contribuições e recomendações. 
Da América Latina e Caribe o Brasil vêm recebendo colombianos em virtude das lutas internas, e agora, os haitianos que foram vítimas de uma catástrofe natural, mas também pela situação politica e econômica deste país.
O Espirito Santo pode e deve se preparar para acolher esses irmãos de outros países, como sempre fez, a exemplo dos imigrantes italianos, alemães, pomeranos, árabes, gregos, suíços etc.
O ES participou da última Conferência de Políticas para Refugiados e Emigrantes onde se delineou as parcerias necessárias em nosso estado. Cabe agora alguma iniciativa no sentido de reunir o poder público nos três níveis, as prefeituras da região metropolitana, além da universidade federal e demais universidades privadas que tenham um trabalho importante nesta área, o Conselho Estadual de Direitos Humanos e a Caritas da Igreja Batista.
É importante que haja reuniões preparatórias visando estabelecer um fluxo de acolhimentos destes estrangeiros que já residem no ES e dos que eventualmente definam por escolher o Estado com destino para viver.
É uma tarefa urgente, pois exige empenho das instituições e de sensibilização da sociedade civil, para esta questão humanitária.

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