O governo Estado entrega um contrato à empreiteira Araribóia para a construção de um posto fiscal que nunca saiu da fase de terraplanagem. Mesmo depois de abortar a obra e afirmar que o governo desistira do projeto do posto fiscal, o então governador Paulo Hartung autoriza novos repasses para a empreiteira. Qual seria a explicação desse “enigma”?
A resposta foi dada recentemente pelo deputado estadual Gilsinho Lopes (PR) em recente entrevista a Século Diário. Explicou Gilsinho: “(…) foram R$ 21 milhões licitados e depois do decreto, em 23 de junho de 2006, eles fizeram mais um aditivo de R$ 3 milhões. Se não construíram mais nada, por que o aditivo de R$ 3 milhões? Mais um período eleitoral se aproximava, e a empresa foi doadora também em 2010”, afirmou o deputado.
Na verdade, a Araribóia, completando o deputado, foi doadora nas últimas quatro eleições: 2006, 2008, 2010 e 2012. Não por coincidência, como apontou o deputado do PR – que tenta abrir uma CPI na Assembleia para investigar as obras do “posto fantasma” -, as doações aumentam as suspeitas sobre as obras de Mimoso do Sul.
Outra informação, digamos, “curiosa” é que a empresa aumentou suas doações de campanha após fechar o contrato de R$ 25 milhões com o governo do Estado. Mais inquietante ainda é o fato de as doações terem sido destinadas ao ex-governador Paulo Hartung e ao governador Renato Casagrande, só para citar dois beneficiados de peso.
O histórico de doações torna-se ainda mais imoral quando o ex-governador vai à imprensa transtornado fazer sua defesa sobre as acusação de ter deixado escorrer pelo ralo R$ 25 milhões. Indignado, ele chegou a dizer que a denúncia do promotor Dilton Depes foi uma “covardia”.
Se para Hartung Depes foi covarde, o ex-governador foi ingrato com a Araribóia ao tratar a empreiteira como uma qualquer, uma anônima. Ele tentou convencer a opinião pública que não tinha a menor noção dos contratos que sua equipe de governo fechava com as empresas. Ora, se a Araribóia era uma importante doadora, Hartung, que sabe muito bem que dinheiro de campanha não cai do céu, devia conhecer a origem dos recursos. Por quer ele não incluiu nas suas declarações à imprensa a informação que a empreiteira foi uma de suas doadoras de campanha? Deu branco?
O mesmo “apagão” deve ter acometido a memória do governador Renato Casagrande, que saiu ao socorro do seu antecessor desconjurando a denúncia do promotor. A indignação de Casagrande também deixou de lado a relação próxima do socialista com a empreiteira, que doou R$ 100 mil à campanha do socialista em 2010.
Talvez seja por isso que os deputados, na sua grande maioria, estejam tão resistentes para endossar a CPI do “posto fantasma”.