O fim do processo eleitoral deste ano deixou claro, mais uma vez, que a questão ambiental não é e nunca foi prioridade da classe política local e nacional. Embora de extrema relevância para a população, tanto nas disputas majoritárias quanto proporcionais, o assunto passou longe de se consolidar como pauta de campanha ou bandeira. O mínimo que se falou, logo virou pó. Empresas poluidoras, governos e políticos omissos, todos ficaram livres de qualquer cobrança ou constrangimento. Ótimo para eles, péssimo para a sociedade.
Na disputa presidencial, chamou atenção que esse debate não tenha recebido a devida atenção mesmo em meio à crise da água em São Paulo, e com as presenças na disputa da ex-ministra de Meio Ambiente, Marina Silva (PSB), que reivindica para si o título de ambientalista, e de Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL), candidatos apresentados como independentes.
A crise da água, quando discutida entre a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e o tucano Aécio Neves, principalmente no segundo turno, foi muito mais no sentido de apontar a incapacidade de planejamento de gestão do governo tucano, do que tratar da problemática ambiental em si.
E olha que há uma lista de problemas que caem na conta dos principais candidatos. Dilma, definitivamente, não adotou o meio ambiente como prioridade do seu governo; Aécio nunca escondeu que era o “candidato do agronegócio”; e Marina Silva compôs chapa com Beto Albuquerque, financiado por empresas rejeitadas pela Rede Sustentabilidade e um dos principais articuladores, no Congresso Nacional, da liberação dos plantios de soja transgênica. Isso só para citar os pontos principais.
No Espírito Santo, o mesmo cenário se repetiu, e não foi por falta de necessidade ou urgência. Embora abrigue poluidoras como Vale, ArcelorMittal, Samarco, Belgo Mineira, Aracruz Celulose (Fibria), Jurong, etc, etc e etc, o debate ambiental se resumiu às tentativas da candidata do PSOL ao governo, Camila Valadão, criticar o modelo econômico atual e os projetos semelhantes defendidos pelo governador eleito Paulo Hartung (PMDB) e o atual Renato Casagrande, que beneficiam os grandes empresários. O assunto, obviamente, também não repercutiu.
No campo da disputa ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa, pior ainda. O meio ambiente foi termo raro, perdido entre falas rápidas e superficiais.
Os financiamentos de campanha explicam…
Manaira Medeiros é mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local e especialista em Gestão e Educação Ambiental
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