Ao completar 25 anos de profissão na área da comunicação social, o deputado estadual Amaro Neto (SD) vai voltar a apresentar o programa que o projetou no Estado e ao qual deve seu mandato na Assembleia: o Balanço Geral. Nos meios políticos, a expectativa é geral pela postura do deputado, mas há quem avalie o retorno como um risco duplo.
Em 2014, dizia-se que Amaro poderia ser candidato a prefeito de qualquer cidade na Grande Vitória e que na Capital seria mais difícil, mas não impossível. E ele escolheu Vitória. De quebra enfrentou um discurso duro de que não seria capaz de governar a cidade. Os vídeos com as brincadeiras de Amaro no programa tomaram conta das redes sociais para tentar construir a imagem de “palhaço”.
Na campanha, Amaro lutou bastante para desconstruir essa imagem. E conseguiu, mostrou projetos, falou em qualificação de equipe, montou uma estratégia forte de campanha e quase levou a disputa contra o prefeito Luciano Rezende (PPS). Agora volta para o programa e as chamadas mostram um Amaro mais sério, mais equilibrado, mas será que o Amaro político é o Amaro que a população espera ver na TV?
O deputado assume aqui um risco sério. A formalidade pode prejudicar sua popularidade, a descontração pode prejudicar sua atuação parlamentar, embora ele insista em mostrar a separação das coisas. Mas o perigo mesmo é retornar ao programa, relatar os casos de violência e não cobrar do governo, não cobrar respostas. O silêncio na Assembleia passa despercebido, mas o silêncio na TV pode custar caro.
Tentando se equilibrar na corda bamba, o deputado oscila entre a popularidade e a necessidade de apoio palaciano, estando na base governista. Se não escolher um lado pode se dar mal, mas se escolher um dos lados, pode ter de abrir mão de uma parcela de seu eleitorado. O risco é duplo e vai exigir do deputado uma perspicácia muito grande.