Líder de governo é igual a juiz de futebol, quando é bom não aparece muito no jogo. Em um exercício de puxar pela memória os líderes anteriores do governador Paulo Hartung, é até difícil lembrar todos, isso porque não tiveram muito trabalho em fazer a aprovação das matérias de interesse do governo.
É verdade que Gildevan Fernandes (PV) pegou uma fase bem diferente, com uma Assembleia mais dinâmica, que desde o início do ano tem mostrado, por parte de alguns parlamentares, personalidade forte. Mas também não é segredo que o plenário não engole a forma pouco cortês que a liderança tem se portado com os colegas. E nos corredores volta e meia se fala em movimentação para derrubar o líder.
Esse tipo de ação não é tão simples assim. O desempenho da liderança na aprovação do projeto de contratação de temporários, os DTs, causou muito desgaste para o governo, porque a forma de abordagem não foi a mais sutil. No melhor estilo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, o governo jogou a proposta na Casa , confiando que a base garantiria a aprovação.
Mas o projeto se arrastou desde a semana passada na Assembleia, sem que o líder conseguisse desenrolar a situação. Isso seria suficiente para fazer com que cabeças rolassem. Isso, porém, abriria um precedente muito perigoso para o governador.
Mostraria aos deputados que se eles realmente usarem o poder que têm, conseguirão mudar o estado das coisas. Além disso, seria admitir a derrota, o que deixaria uma mácula na vitrine do governo. É difícil acreditar que o governo esteja satisfeito com o desempenho de Gildevan, mas substituir o líder agora pode ser uma emenda muito mal feita.
O melhor caminho é segurar as pontas até o processo eleitoral do próximo ano, quando Gildevan Fernandes deve disputar a eleição em Pinheiros e fazer muita força para que ele seja eleito, assim fica a saída honrosa para o líder e aberto o caminho para que o governo escolha um nome com mais capacidade de mediação, evitando assim desgastes com o legislativo.
Fragmentos:
1 – Os comentários nos meios políticos são de que o vereador Max da Mata teria deixado a administração municipal porque pretende disputar a eleição em Vitória. Mas isso já foi combinado dentro do PSD com o deputado estadual Enivaldo dos Anjos?
2 – O regimento da Assembleia tem sido alvo de uma batalha interna no plenário entre a base, sobretudo o líder do governo, e o deputado Sérgio Majeski (PSDB), que parece ter conhecimento das regras.
3 – Essa história dos deputados reeleitos tentarem desqualificar as interações dos deputados novatos não vai acabar bem. O deputado Bruno Lamas (PSB) preferiu a ironia e a provoca com Euclério Sampaio (PDT), mas é bom lembrar que eles, os novatos, são metade do plenário.