Quinta, 28 Março 2024

Segundo turno: hora do vale tudo

 

Eleitores dos 50 municípios brasileiros que vão às urnas no próximo domingo (28), devem estar assistindo - nestes 21 dias que separam o primeiro do segundo turno - a um festival de insultos, intrigas, xingamentos, boatarias e até fofocas. Armas muitas vezes consideradas avessas à ética, mas que acabam sendo “sacadas” nos momentos de desespero que tomam conta de candidatos e marqueteiros na reta final de quase todas as disputas eleitorais. 
 
À medida que a data fatídica se aproxima, os nervos ficam à flor da pele e o diabo atenta. É nesta hora que alguns candidatos passam a recorrer a armas mais “letais”, que chegaram a ser cogitadas, mas imediatamente vetadas no primeiro turno, quando ainda prevalecia um clima mais amistoso entre os adversários. Afinal, ninguém quer passar para a fase seguinte, que é polarizada, cercado de inimigos.
 
No segundo turno, porém, a situação é outra. A regra é sacar o armamento que estiver ao alcance, sem se importar com os danos que a munição poderá causar ao adversário. Impera a regra do “vale tudo”, pois o candidato sabe que não haverá um terceiro turno para reverter o resultado derradeiro das urnas.
 
As cenas que assistimos em Vitória e Vila Velha se repetem nos 48 municípios brasileiros, com mais de 200 mil eleitores, com maior ou menor intensidade. Raras exceções, ninguém quer entregar a vitória de mão beijada para o oponente. 
 
O debate, ao vivo e em cores, diante das câmeras de TV, se transforma em campo de batalha. Cada um dos candidatos se abriga como pode no seu púlpito como se estivesse numa trincheira. Na sua vez de atacar, o candidato atira e observa a reação do seu oponente, para medir o estrago do ataque. Em seguida, se encolhe na trincheira à espera do contra-ataque. E assim segue o debate. 
 
A nesta fase da disputa que a polêmica sobre os limites da ética volta à cena. Os candidatos que se sentem mais ultrajados questionam os ataques do adversário na tentativa de convencer o eleitor que a estratégia segue na contramão da democracia, que deveria balizar as discussões em cima de propostas e não de intrigas. 
 
Na enquete que estava no ar até esta quinta-feira (25), Século Diário perguntou a opinião dos leitores sobre a troca de farpas entre os candidatos que disputam o segundo turno das eleições em Vitória e Vila Velha. 
 
As respostas se dividiram. Havia duas opções para quem julgava “natural” os embates mais duros; e outras duas para quem condenava os ataques que "atropelavam" a ética. Das 864 pessoas que responderam à enquete, 58% se disseram contra o “tiroteio declarado”; enquanto 42% encararam com normalidade as trocas de acusações mais acaloradas. Ou seja, as posições são divididas. 
 
Talvez o eleitor, antes de avaliar se faltou ética nos debates, terá primeiro que se perguntar se ainda existe alguma ética na política. 

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