
Duas boladas nas costas no mesmo dia. As movimentações na Assembleia Legislativa nessa terça-feira (3) resultaram mais uma vez em problemas para o governo Paulo Hartung (PMDB), sem qualquer reação da base e dos interlocutores da gestão estadual. Primeiro, com a criação da figura do líder de oposição, reivindicada pelo deputado Sérgio Majeski (PSDB) ao final da sessão, que passou na votação simbólica com facilidade. Depois, com a convocação pela Comissão de Defesa do Consumidor de agentes ligados à Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), principalmente o secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas, Paulo Ruy Carnelli, e o atual diretor-presidente da companhia, Pablo Ferraço. Na ação de Majeski, o líder do Governo, Gildevan Fernandes (PMDB), estava lá, mas nada fez. O que não chega a ser novidade, Gildevan, nessa sua função, até hoje não encontrou o equilíbrio: ou não sabe o que dizer ou peca pelo excesso e falta de tato (Hartung mantê-lo na liderança, aliás, continua sendo a mesma incógnita de sempre). Mas e o secretário-chefe da Casa Civil, Zé Carlinhos (PSD), responsável pela interlocução com o legislativo, desistiu de bater ponto na Assembleia para evitar esses focos de incêndio? Tanto a liderança da oposição, função inédita na Casa, como a polêmica da Cesan geram desgastes para Hartung, que já coleciona pepinos. Diante da fragilidade de um líder de Governo como Gildevan, é muita falta de estratégia “deixar o pau quebrar” na Assembleia sem colocar a mão. Vai pagando pra ver, vai…
Só pra lembrar
Zé Carlinhos chegou a ser considerado, no início deste ano, o 31º deputado estadual. Sugeriram até, na época, que ele mudasse logo o endereço de seu gabinete para a Assembleia. De lá pra cá, o clima acirrou bastante pro lado do governo com as articulações do grupo de oposição. Zé Carlinhos, ao invés de providenciar a mudança, sumiu. É isso mesmo?
Maus modos
Depois o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), não gosta quando dizem que ele tem mestrado em Soberba e doutorado em Arrogância. Creia: ele nem se dignou a responder o ofício do vereador Roberto Martins (PTB) para discutir em audiência pública, nessa terça-feira (2), na Câmara, o Termo de Compromisso Ambiental (TCA) contra bares no Centro. Você pode não querer ir. Ok. Mas ignorar a coisa dessa forma é o cúmulo.
Enquanto isso…
O presidente da Casa, Vinícius Simões (PPS), continua fugindo desse diálogo como o diabo dá cruz. Também não foi. Nem parece que tem reduto eleitoral no Centro.
Bomba-relógio
O senador Ricardo Ferraço foi o escolhido pela cúpula do PSDB para ser o relator da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). Uma missão nada propícia em tempo de insatisfação generalizada da população em relação às mudanças. Ferraço, tudo indica, é a favor da reforma. Para ele, que já carrega o peso das delações de ex-executivos da Odebrecht, qualquer defesa do projeto pode ser um tiro no pé.
Reação em cadeia
Revolta coletiva no caso do jogador capixaba do Palmeiras e ex-Vasco, Luan Garcia Teixeira, 23 anos, que saiu na lista dos beneficiados do Bolsa Atleta mesmo sem morar no Estado (exigência do edital) e com salário de cerca de R$ 160 mil mensais. Nesta quarta-feira (3), sobraram atletas batendo na porta do gabinete do secretário de Estado de Esportes, Max da Mata (PDT). Quero ver, agora, acalmar os ânimos.
Mais
Assim como Luan, comentários apontam que Daniel Mendes Silva, do atletismo paralímpico, também contemplado com a bolsa de R$ 4 mil por mês até 2020, reside em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. A diferença entre os dois atletas, sem dúvida, é o salário. Luan, a propósito, depois da repercussão negativa do caso “abriu a mão” da bolsa. Podia ter passado sem essa, hein, jogador!
Melhor não
Em meio a essa confusão, o deputado estadual José Carlos Nunes (PT) apresentou na Assembleia proposta que institui o Programa Bolsa-técnico Capixaba, destinados a profissionais técnicos do desporto de rendimento em modalidades olímpicas e paraolímpicas, bem como nas modalidades ligadas ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao Comitê Paraolímpico Internacional. Detalhe: estendendo o benefício aos técnicos. Ah, mas o governo vai sancionar…
Retorno
A jornalista Fabíola Zardini reassumiu o cargo de diretor de Multimídia da Superintendência Estadual de Comunicação Social (Secom). Ela retorna após a polêmica sobre a postagem do “macaquinho batedor de release” nas redes sociais do governo em homenagem ao Dia do Jornalista. A gafe culminou com a demissão de duas servidoras, inclusive, da ex-diretora – que havia assumido o cargo de Fabíola há pouco mais de um mês.
Nas redes
“Nada mais apropriado. A Reforma Trabalhista tramitará no Senado com o número 38. Um tiro contra os direitos dos trabalhadores”. (Deputado federal Helder Salomão – PT – no Facebook).
PENSAMENTO:
“Pensar só em si e no presente é uma fonte de erro em política”. Jean de La Bruyère