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Sem saída

A fala do governador Renato Casagrande ao pessoal do seu partido, no encontro dessa quarta-feira (31), foi muito além dos duros recados dirigidos a várias áreas da política capixaba. Soltou um foguete na direção do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), como sublinhou o colega jornalista José Rabelo, em matéria deste Século Diário.
 
Na verdade, Casagrande cobrou do ex-governador a formação da chapa que dava ele como candidato à reeleição, tendo o ex-governador ao lado para o Senado, o que era entendido e acatado pelo mercado político. E também consequência do projeto de unanimidade idealizado pelo próprio Hartung, que já havia garantido sua reeleição e a eleição de Casagrande.
 
Para se garantir ainda mais, Casagrande dividiu o governo com o antecessor, cedendo a parte mais importante da gestão estadual, pois o pessoal de Hartung ficou com o que havia de melhor  do ponto de vista de geração de prestígio: Banestes, Bandes e Cesan, ao lado de duas secretarias de governo e um bom número de cargos na máquina.  
 
Além de correr às expensas do governador tarefas para livrar o período PH da responsabilidade do péssimo desempenho de nas áreas de educação, saúde e, sobretudo, segurança.  
 
Mas tudo em zelo ao projeto da unanimidade, em que a reeleição de Casagrande e o Senado para Hartung garantiria a continuidade, prevendo poder compartilhado entre eles, até os idos de 2025.
 
Na cabeça dos mais chegados ao governador, a saída estratégica de PH do seio da unanimidade tem o significado de que o ex-governador, vendo Casagrande se embaralhar no que tange a prestígio político, voltou-se para dentro do seu grupo, para chegar com ele em 2025, ainda no comando do processo da política capixaba.
 
O momento criado com a reação de Casagrande, quando nessa sua fala reafirma que continuará  trabalhando a coligação PSB, PMDB e PT, é uma espécie de um e-mail para Paulo Hartung, reafirmando que a sobrevivência política de ambos passa pela manutenção da chapa. Assim, como quem diz: divididos, corremos o risco de sermos jantados por um onça faminta, que atende pelo nome de Magno Malta (PR).  

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