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Senado, o caminho mais longo

Como em toda fase que precede uma batalha, saber dissimular é, sem dúvida, um dos fatores mais importantes para se alcançar a vitória. Assim ensinam os grandes estrategistas, com o necessário testemunho de experiências bem sucedidas. 
 
É desse modo que se explica o aparente silêncio dos postulantes às duas vagas no Senado Federal do Espírito Santo na eleição de outubro deste ano. Os atuais ocupantes dos cargos, os senadores Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB), se esforçam para avivar seus redutos, mas dispensam o foguetório. 
 
Ambos são candidatos à reeleição e sabem que caminhar para o Senado depende da movimentação em torno da disputa ao Palácio Anchieta, elemento complicador gerado pela dissimulação do atual dono da vaga, o governador Paulo Hartung. 
 
Ferraço, em baixa depois que seu anjo de guarda Aécio Neves foi rifado do cenário político por conta de malsucedidas operações ilegais e da citação do nome de ambos na Lava Jato, procura reforçar o eleitorado e, principalmente, ganhar uma mãozinha do governador.
 
Sem ela, fica difícil a reeleição, como atestam levantamentos que circulam a sete chaves nos bastidores do cenário político, sempre com a dissimulação de quem teve acesso aos dados. Somam-se a esse retrocesso, mais alguns fatores a complicar a situação.
 
Um deles é o deputado estadual Amaro Neto (SD), dono de invejável votação quando disputou a Prefeitura de Vitória, perdendo por uma diferença mínima para o prefeito Luciano Rezende (PPS).
 
Amaro é uma das apostas que pode ter as bênçãos de Hartung, deixando Ferraço órfão, mais uma vez. Mas como eleição para o Senado é sempre terreno pedregoso, não existe segurança em qualquer previsão, pois em política tudo pode acontecer de uma hora para outra.
 
Essa afirmativa é digna de crédito quando se observa a dissimulação de Hartung. Não se sabe se ele sai ou fica no governo, se o incenso para a governança lançado nos últimos dias sobre o vice, César Colnago, é para valer ou meramente trilha de despiste. 
 
Colnago pode ser o candidato ao Senado e Hartung à reeleição, galgando na história o patamar de ser o primeiro governador com quatro mandatos. Ou, então, Colnago assume o governo, tenta a sucessão, e Hartung o Senado.  
 
De igual modo, ascensão de Hartung no cenário nacional dá uma pista do que poderia acontecer caso ele encare uma disputa ao Planalto, como vice de algum candidato de centro, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo. 
 
Magno Malta, mais à frente com seu pagode gospel e o discurso de moralidade que atrai parte dos evangélicos e uma fatia do eleitorado mais conservador, caminha bem, principalmente depois de rompida a dobradinha estabelecida com Ferraço, então citado na Lava Jato. 
 
No cenário atual, com Ricardo Ferraço em baixa, há uma clara indefinição, que pode ser ainda mais complicada com a entrada em cena, como o mercado espera, do deputado estadual Sergio Majeski, com seu discurso inovador, nascido, como ele mesmo diz, da parte boa do PSDB.  
 
O “pega” pra valer, mesmo, só em março, quando as definições estarão à mostra, inclusive com o papel reservado ao ex-governador Renato Casagrande (PSB). Até agora indefinido, ele oscila entre o Palácio Anchieta e o Senado, sem tirar o olho da Câmara Federal.   

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