Esta semana o grupo de trabalho da Câmara dos Deputados aprovou as propostas para uma reforma política no País. O tema é muito complexo, já que se trata de medidas que mexem no conforto de muita gente em Brasília. Algumas propostas são muito boas, mas dada a complexidade de ter de se cortar na própria carne, resta a dúvida se o projeto vai passar pelos congressistas.
A proposta propõe o fim da reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos; o voto facultativo;, a coincidência das eleições municipais com as estaduais e federal a partir de 2018; e fim das coligações proporcionais. Também estabelece a realização de um referendo, a ser realizado no segundo turno do pleito de 2014, para a mudança do sistema eleitoral.
Mexer na questão da reeleição é um tema complicado. Muitas vezes, quatro anos realmente não são suficientes para se desenvolver um projeto político e, se o sucessor for da oposição, há sempre o risco de tudo voltar à estaca zero.
A união das eleições, por um lado, é interessante pela economia, por outro, pode confundir a cabeça do eleitor, já que a lista de candidatos será enorme. O fim das proporcionais, bom esse é um tema que cabe até uma análise à parte.
É uma pena a discussão sobre o financiamento de campanha não ter sido aprofundada. Essa é a verdadeira lacuna a ser fechada no sistema político-eleitoral brasileiro. Enquanto a conta for paga pela iniciativa privada, os parlamentares e executivos vão estar atrelados a grupos econômicos, defendendo em suas esferas de poder o interesse de poucos em detrimento do desejo da maioria.
Como bem lembrou a ex-vereadora de São Paulo Soninha Francine (PPS), em sua passagem pelo Estado esta semana, o sistema é confuso, é presidencialista com características parlamentarista, o que deixa o Executivo refém do Legislativo. Sem a moralização da classe política, essa relação vai continuar se dando na base da barganha de cargos e o País continuará vivendo seus entraves de desenvolvimento.
A discussão da reforma dá novas regras para o sistema eleitoral, mas faz a reflexão sobre o que foi cobrado nas ruas em junho passado, não olha para si e procura entender o porquê da rejeição à classe política. Tenta fazer de conta que não percebe o olhar de desconfiança do eleitor e continua vivendo em uma bolha.