Pela vontade da maioria da Câmara dos Deputados, que aprovou a toque de caixa a reforma da legislação trabalhista, a maioria dos trabalhadores brasileiros será bóia-fria – menos, claro, os senhores deputados, os senhores de engenho e os empreendedores bem representados pelo prefeito paulistano João Dória, a mais recente piada da cidade que inventou Paulo Maluf e Janio Quadros.
Ainda bem que a reforma está em discussão no Senado, onde há menos pressa e mais resistência ao projeto que mexe em mais de 200 itens da legislação trabalhista.
Audiências públicas estão sendo realizadas no Senado para discutir o assunto. Na terceira audiência, o advogado Jorge Souto Jr., que leciona na USP, disse que o projeto é antidemocrático e antisocial. Atenta contra os interesses da maioria.
A palavra reforma, que sempre teve uma conotação de mudança para melhor, está sendo aplicada a um retrocesso.
A lei vai valer menos do que um acordo entre empregados e patrões.
A Justiça do Trabalho será um arquivo morto.
Qualquer empresário poderá achincalhar os juízes trabalhistas e os fiscais das DRTs.
Esculhambação geral. Terra arrasada.
Os empresários são os maiores interessados na derrubada da legislação protetora da parte mais fraca da relação de trabalho.
Combinada à reforma da Previdência, a reforma trabalhista é um prenúncio do caos social.
Não se compreende como um governo, um partido e um congresso queiram ferrar o povo desta maneira.
No fundo, as reformas serão ruins para os empresários, pois tenderão a desorganizar a economia ao gerar um clima de vale-tudo nas relações entre patrões e empregados.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Toda revolução, depois de um certo tempo, faz apenas uma mudança de capitalistas”
Millor Fernandes