Em 13 de julho de 2007, o renomado advogado brasileiro, Sérgio Bermudes, respondeu a três perguntas, que publiquei, à época, neste espaço. Hoje, em meio a tantas notícias envolvendo o Judiciário e a política nacional, onde Bermudes atua juridicamente com abrangência, achei interessante recuperar esse artigo, que continua atual 10 anos depois. Para quem não conhece Bermudes, o advogado é da “República de Cachoeiro”.
Fiz, à ocasião, despretensiosamente, três perguntas a doutor Sérgio Bermudes. Eis as respostas:
JR Mignone – COMO O SENHOR VÊ O MOMENTO DO JUDICIÁRIO NACIONAL?
SÉRGIO BERMUDES – Existe, sem dúvida, uma crise no Judiciário, que vai da falta de juízes (o Brasil tem menos de 1/3 dos de que necessita), da infraestrutura adequada, até a postulação e prestação precárias; da incompreensão da fenomenologia jurídica, até a existência da corrupção com suas repercussões negativas no juízo da opinião pública, que passa a ver, no Judiciário, conivência com malfeitores, quando ele se limita à aplicação da lei.
Na crise dos mísseis soviéticos em Cuba, o presidente Kennedy lembrou que a sabedoria chinesa grafa a palavra crise com dois sinais, um significando perigo, o outro, oportunidade. A crise atual, se suscita ou mostra perigos, abre também a oportunidade a que o Judiciário expunha os quistos que o comprometem, especialmente os juízes corruptos, pequeníssima minoria. Costumo dizer que, se a Justiça em geral fosse corrupta, em vez de milhentos livros, nós, os advogados, teríamos um só: o de cheques.
JR Mignone – COMO É SER UM CACHOEIRENSE DE RESPEITO NO CENÁRIO NACIONAL?
SÉRGIO BERMUDES – Afrânio Peixoto escreveu que “bairrismo é patriotismo”. A minha fidelidade à terra natal é expressão de amor não só dela, como do Espírito Santo e do Brasil. Alegra-me imaginar que o “respeito no cenário nacional”, aludido na sua pergunta, se é que existe, só contribui para elevar Cachoeiro, presente sempre nos meus escritos, na minha fala, nas minhas reminiscências. O meu coração não saiu de Cachoeiro. É dela que fala, repetidamente, a minha voz, confirmando a verdade do Evangelho de São Mateus: “da abundância do coração fala a boca”.
JR Mignone – COMO FOI ESCREVER NUM SITE (NO MÍNIMO) EM MEIO A TANTOS ESCRITORES DE RENOME?
SÉRGIO BERMUDES – “No Mínimo” acabou pela falta de patrocinadores. Honrou-me estar na companhia de gente tão ilustre, especialmente tão idealista. Foram 145 crônicas através das quais me abri com não sei quantas pessoas. A resposta aos meus escritos foi largamente positiva, como demonstram as manifestações recebidas por e-mail, por carta, por outras formas de comunicação. É claro que fui criticado, às vezes, merecidamente. Noutras ocasiões, um ou outro artigo meu recebeu vaias. Diante delas, lembrava-me da frase de Bernard Shaw de que
ninguém pode vaiar e bocejar ao mesmo tempo. Ganhei eu com vaias ??? poucas aliás ??? em vez de bocejos desdenhosos.
PARABÓLICAS
Boatos informam que a Antena 1 deverá retornar aos rádios da capital. A empresa que irá gerar é muito conhecida.
Mônica Camilo provando que é pau pra toda obra em rádio está muito bem encaixada na programação da Cidade
Saul Josias como chefe de jornalismo da Rádio ES. Mais uma pro menino Saul destrinchar
Um grupo de radialistas comenta por aí que a Mix FM está com dias contados. Será mesmo, Miguel Trés?
MENSAGEM FINAL
A curiosidade do jornalista tem de ser a mesma do historiador, e a paciência do historiador, a mesma do jornalista. Alberto Dines