Desde a abertura política, com o surgimento do pluripartidarismo, há uma discussão sobre a relação entre sindicatos e partidos políticos. No surgimento do PT houve essa discussão sobre a criação paralela da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A CUT não é um partido e sua estrutura de representação institucional seria o PT.
Com uma base vinda do movimento sindical, esperava-se que, com representação nas instituições, o partido tivesse uma atuação sempre ligada à sua base, os trabalhadores. Mas com o passar do tempo e as mudanças conjunturais no mecanismo político, sobretudo, o eleitoral, a situação foi mudando e hoje o que se vê é muito pouca ou quase nenhuma representatividade dos trabalhadores seja no legislativo ou Executivo.
O sindicato é uma correia de transmissão do sistema político, apesar de se tentar cortar essa relação, não há como. O sindicato tem que atuar no sentido não só de ajudar a eleger os quadros do partido, mas como de preparar os futuros quadros e cobrar deles depois a postura sindical onde quer que venham a representar o movimento. O que há hoje de Sindicato dos Comerciários em João Coser, por exemplo?
Ele veio dessa base, ingressou no PT como um quadro do movimento sindical conseguiu a ascensão política dentro do sistema institucional e não se viu em sua trajetória um caminho que mantivesse esse elo com sua categoria ou com o restante do movimento sindical.
A culpa não é só dos quadros, mas também das direções dos sindicatos que não cobraram dele e não cobram de ninguém a contrapartida da posição do eleito. Não basta ter a representatividade, tem que ser representativo ou ficará o movimento assistindo a passagem de mais políticos pelo poder sem que seja obtida a atuação no sentido da garantia das conquistas.
A chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da Republica é um exemplo muito claro. Nos oito anos de seu governo houve uma dificuldade de comunicação que impediu que a agenda trabalhista fosse colocada na mesa para discussão. Temas como a reforma agrária, a reforma trabalhista e a reforma política passaram ao largo do governo de um político vindo do Sindicato dos Metalúrgicos.
Ou o movimento começa a avaliar sua atuação política ou esses episódios vão continuar acontecendo. O movimento sindical precisa fazer uma avaliação de sua atuação e deflagre um movimento pela reforma. Até o momento a sociedade organizada é quem está tomando à frente das discussões da reforma política. Reforma que mexe com temas fundamentais, como o financiamento público de campanha, que é o que vai trazer a democratização do processo eleitoral e mais trabalhadores poderão entrar no jogo político, que hoje é restrito aos donos do capital.
Sindicatos é hora de agir ou perderão o trem da história.