A prestação de contas da secretária de Fazenda, Ana Paula Vescovi, na Assembleia Legislativa nessa quarta-feira (25) foi vista nos meios políticos como um ensaio geral para a prestação de contas do governador Paulo Hartung (PMDB) na próxima semana. A ideia é ver a repercussão do que disse a secretária e fazer adequações e preparar o governador para possíveis cobranças.
Uma coisa vem sendo facilmente apreendida pelo mercado político. O discurso oriundo da guerra dos números prepara o terreno para um desfecho de 2015, que busca dar sustentação a uma nova blindagem do governo atual. Se em 2003 e 2007, os governos de Paulo Hartung foram sustentados por um bombardeio na Justiça de denúncias que seriam relacionadas ao crime organizado, mas que nunca se converteram em um terreno palpável, desta vez, é preciso criar outro alvo.
De tanto repetir que há desarranjo nas contas do Estado no governo de Renato Casagrande, a equipe de Hartung tenta convencer a sociedade de que o governo não tem como fazer nada porque encontrou uma nova terra arrasada. Mas não é bem assim.
A interpretação dos números tem sido política, tanto que a equipe técnica da Secretaria da Fazenda não tem entrado nesse jogo. Enquanto isso, uma série de práticas que eram comuns no governo Hartung estão aos poucos retornando.
O Fundo Cidades garantia a autonomia na captação de recursos do Estado pelos prefeitos. Sem o repasse, os prefeitos terão que passar novamente o pires. Vai precisar da interlocução de um deputado estadual, vai negociar cada centavo com o governo do Estado e novamente, se tornar refém. Com a corda no pescoço, os gestores municipais não têm muita saída.
Enquanto o governo atual continua criando essa situação de caos, a classe política aguarda a publicação do quadrimestre para saber se esse arrocho é mesmo necessário. A secretária de Fazenda pinta um cenário de completo desequilíbrio, e a cada colocação recebe o rebatimento da equipe de Renato Casagrande e assim a batalha política entre as duas lideranças continua no Estado e não parece ter data para terminar.
Fragmentos:
1 – No final de 2014, o presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), mesmo estando o prédio em reformas, devolveu ao governo do Estado R$ 25 milhões. Quem olha de fora pensa que o Poder está nadando em dinheiro, mas não é bem assim.
2 – Ferraço que se autodenomina sovina em sua gestão agora não tem o dinheiro para o básico. O ar condicionado já virou motivo de piada na “sauna de imprensa”. No posto médico não tem nem analgésico, o consultório dentário não funciona por falta de material de consumo e os copos descartáveis para tomar água são uma raridade na Casa.
3 – A decisão da Câmara dos Deputados sobre os novos partidos deixa tudo como está no Estado. Muitas lideranças estavam preparando as malas para migrar para o PL. Sem a fusão com o PSD, o partido deixa de ser tão atrativo.