Deve ser revoltante para os familiares das mulheres que perderam suas vidas para a violência no Estado verem o governador Paulo Hartung sorridente durante o evento de lançamento das ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Na foto, que ilustra a notícia publicada nesta segunda-feira (9) em Século Diário, Hartung aparece cercado de servidoras no Palácio Anchieta, como se fosse um legítimo militante da causa.
Se o governador tivesse um pouco mais de respeito ao luto desses familiares, faria um pedido público de desculpas em memória das milhares de vítimas que foram assassinadas nos últimos anos no Estado, a maioria delas nos seus dois governo. Mais precisamente 1.375 mulheres foram mortas violentamente no Espírito Santo entre os anos de 2003 e 2010. O genocídio feminino deu ao Estado a liderança no ranking nacional de homicídios contra as mulheres.
Não bastasse, a ausência de políticas públicas para enfrentar a violência contra a mulher (e todas as formas de violência, de maneira geral), conferiu ao Espírito Santo mais uma liderança vergonhosa: o Estado está no topa do ranking nacional de feminicídios — mortes decorrentes expressamente dos conflitos de gênero.
Entre as mais jovens os dados são ainda mais assustadores. O legado do governo Hartung também deu ao Estado a liderança absoluta em homicídios juvenis: são 21 homicídios para cada grupo de 100 mil adolescentes e jovens com idades entre 15 e 24 anos. A taxa é o dobro do segundo colocado (Alagoas) e três vezes superior à média nacional.
Mesmo diante de números tão impressionantes, confrontados à inércia do governo, Hartung se acha no direito de sorrir.
Tá rindo de quê, governador?