Quanto acabou a eleição, o governador Paulo Hartung (PMDB) veio a público dizer que não criaria dificuldades na relação com os prefeitos que fizeram campanha para o então candidato à reeleição Renato Casagrande (PSB). Naquele momento, a notícia soou como alívio, sobretudo para os 60 gestores municipais que assinaram o famoso documento de adesão ao palanque do socialista.
Logo depois, Hartung promove um encontro no qual comparecem 74 dos 78 prefeitos do Estado. Promete que vai ajudar os municípios, mas não fala como e quando. Deu um tapinha nas costas de cada um e encheu os gestores de esperança, ainda mais com a maioria dos municípios do Estado com a corda no pescoço, como mostrou o relatório de alerta do Tribunal de Contas do Estado.
Hartung tomou posse e permaneceram algumas dúvidas, como por exemplo, a manutenção do Fundo Cidades, que facilitava a transferência de renda para os municípios, sem a necessidade do intermédio de um deputado estadual. A contrapartida do custeio da saúde e da educação também gera expectativas nos prefeitos.
E com um baú de reivindicações, 20 deles seguiram para o Palácio Anchieta nessa quinta-feira (8), acreditando que, liderados pelo presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), Dalton Perim, que é aliado de Hartung, conseguiriam respostas positivas e imediatas.
Ledo engano. Foram recebidos pelo ex-presidente da Amunes, Guerino Balestrassi, que ironia! Ele anotou as demandas, disse que levaria as reivindicações para os demais secretários, mas já adiantou que seria difícil chegar recursos em um primeiro momento.
Perim tentou amenizar, dizendo que o “não” permite que os prefeitos possam buscar outros caminhos, mas a verdade é que os gestores já entenderam que o discurso de torneira fechada não se restringe à estrutura do Palácio Anchieta e que os “cortes” incluem não atender às demandas dos municípios.
Já o governador tem de avaliar sua relação com as prefeituras, já que ele venceu no interior e precisa agradar seus eleitores, que moram nos municípios. Isso deve alimentar as esperanças dos prefeitos.
Fragmentos:
1 – A senadora Rose de Freitas (PMDB) voltou a ser a nova amiga de infância do governador Paulo Hartung. O motivo é o trânsito dela em Brasília, que tem feito com que o governador seja recebido pelos ministros para correr o pires.
2 – Nos dois governos de Hartung, Rose teve de se desdobrar para conseguir se manter politicamente, porque o interesse do governador na época era destruir politicamente a peemedebista.
3 – Antes do processo eleitoral do ano passado, ele se aproximou de Rose de Freitas para conseguir a aprovação do partido para sua eleição, já que ela tem influência sobre a maioria dos delegados. Mas durante a campanha, Hartung se afastou dela em uma campanha clandestina para João Coser. Agora, como precisa de recursos federais, aquece novamente a relação.