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Teia de aranha

A blogueira cubana Yoani Sanchez escolheu o Brasil para inaugurar seu giro de três meses por 12 países da América Latina e Europa. Assim que pisou em terras brasileiras, a cubana experimentou e disse ter gostado do confronto de ideias inerente da democracia.

Ela publicou em seu Twitter: “Ao chegar, muitos amigos me deram boas-vindas. Outras pessoas me gritaram insultos. Oxalá em Cuba fosse possível fazer o mesmo. Viva a liberdade”. Evidentemente, a perseguição do governo de Fidel Castro a Yoanis, para qualquer defensor da liberdade de expressão causa arrepio, assim como as prisões políticas e as restrições à saída de cubanos da ilha.

O problema foi no que se transformou a visita de Yoanis para o jogo político do Brasil. Em sua passagem pelo Congresso Nacional, a oposição se adiantou em mostrar serviço. Recebeu Yoanis de braços abertos e o PT, apesar de tão distante de seus ideais, reclamou da interrupção da sessão ordinária para receber a moça.

Ao largo da discussão, se a blogueira é mesmo um ícone da liberdade de imprensa ou um agente utilizado pelos Estados Unidos para desestabilizar a ditadura fidelista, o fato é que na última quarta-feira (20), em Brasília,  Yoanis parecia um fantoche nas mãos de algumas lideranças políticas que viram na passagem da blogueira uma oportunidade para tensionar a discussão sobre a “ameaça comunista”  versus a “crítica do capitalismo”.

Yoanis não parecia preparada para lidar com a esperteza do mundo democrático. Acostumada a combater um único pensamento político, ela caiu em um emaranhado de interesses chamado Congresso Nacional.

Para algumas dessas raposas, o deslumbramento visível da blogueira e sua aparente inexperiência no complexo jogo político permitiram que ela virasse mais uma peça no tabuleiro. Ou foi por acaso que Aécio Neves, o possível presidenciável tucano, posou ao seu lado para as fotos? Logo o temível Aécio das redações de jornais de Minas Gerais, agora virou defensor da liberdade de expressão. Não fica muito distante do PT e suas tentativas de controle da mídia.

A pergunta que fica é: se Yoanis não fosse de Cuba? Se fosse uma ativista política do Oriente Médio, por exemplo, teriam os parlamentares paralisado a sessão para recebê-la? Ouviriam suas queixas sobre a opressão de seu povo e as violações aos direitos humanos e à liberdade de expressão? Disputariam sentar ao seu lado para as fotos?

 

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