O desgaste dos atuais gestores municipais, a falta do financiamento privado para fortalecer os palanques da oposição e o curto tempo de campanha devem concentrar eleição deste ano em temas locais. Mas com a crise política nacional, será que haverá espaço para trazer essa agenda para o pleito?
No início da semana, o jornal O Globo publicou um mapa mostrando o domínio das candidaturas de oposição nas eleições das capitais brasileiras, com destaque, em Vitória, para Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e o prefeito Luciano Rezende (PPS), que disputa a reeleição. Mas será mesmo que a influencia partidária coloca essas lideranças à frente da disputa em detrimento do PT, que governou a cidade por dois mandatos?
Não é segredo para a classe política que o capixaba nunca foi um entusiasta do PT, que sempre teve baixo desempenho nas disputas presidenciais no Estado. A crise que atinge a cúpula do partido e o governo federal também reverbera nas lideranças locais.
Tanto que algumas delas, como o ex-prefeito de Vitória, João Coser, e o deputado federal Helder Salomão, favorito na disputa de Cariacica, estariam receosos de entrar no pleito para evitar perder o que ainda resta de seus capitais políticos, evitando assim os desgastes com a crise nacional. Mas esse não é o problema do PT do Espírito Santo.
O partido já teve força no Estado, comandando grandes cidades, já esteve no governo e presidiu a Assembleia Legislativa. Mas as movimentações de sua direção, sobretudo, após a ascensão de Paulo Hartung (PMDB) ao Palácio Anchieta, no início da década de 2000, desgastaram o PT.
O partido foi se desidratando pelas escolhas pragmáticas e o afastamento de suas origens ideológicas, como a área sindical, por exemplo, e os movimentos sociais e de direitos humanos.
Se o PT do Espírito Santo está desgastado e correndo o risco de ter um desempenho muito aquém do que já teve em sua história recente, não é culpa do desgaste nacional, mas pelas escolhas equivocadas de suas lideranças no Estado.
Neste sentido, a oposição pode se concentrar nas questões locais para discutir o processo eleitoral. Caberá ao PT daqui fazer a defesa do governo federal, sim. Mas caberá também a ele arcar com o ônus das articulações equivocadas em que se envolveu e que tiraram o partido do protagonismo da política capixaba.