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???Toda neutralidade afirmada é uma opção escondida???

Renato Casagrande aproveitou a visita do governador pernambucano Eduardo Campos ao Estado para jogar água na fervura e esfriar o clima de tensão que se instalou em torno dos partidos que fazem parte da base aliada que o elegeu em 2010 e que poderá reelegê-lo em 2014. 
 
O alvoroço se formou principalmente dentro do PT. O partido, aliado de primeira hora de Casagrande, se inervou com a movimentação de Campos, que deve disputar a presidência da República em 2014 ao lado da ex-senadora Marina Silva. 
 
A água jogada na fervura veio a partir da declaração do próprio Campos, que “liberou” o governador capixaba de subir em seu palanque. Isso porque Casagrande vem adotando o discurso da neutralidade para manter coesos os partidos alinhados ao seu projeto de reeleição. As movimentações do colega pernambucano vêm tirando o sono do governador capixaba, que desde o início do ano vinha tentando dissuadir Campos do projeto presidencial.
 
Como não conseguiu, Casagrande passou a apostar na neutralidade como saída para não evitar ficar entre a cruz e a espada em 2014. No caso, entre os palanques de Dilma e Campos. 
 
Apesar de ter escolhido o conforto do muro para ficar fora da reta da disputa pelo Palácio do Planalto, que promete ser sangrenta, a posição de Casagrande, neste momento, é muito mais performática do que qualquer outra coisa. 
 
Adepto do discurso “vamos deixar esse assunto de eleição para o ano que vem”, Casagrande quer neste momento conter a ansiedade das lideranças partidárias e assegurar aos aliados que a candidatura de Campos, que é irreversível, não afetará os arranjos construídos por aqui. Só isso mesmo. Não há mais nada por trás desse discurso que sustente a estratégia da neutralidade, que, diga-se, é um tanto volátil.
 
Casagrande sabe que a debandada do PT para os braços do PMDB do ex-governador Paulo Hartung e do senador Ricardo Ferraço pode complicar as coisas para o seu lado. Ameaça semelhante se concretizaria com uma aproximação entre PT e o PR do senador Magno Malta, que também se coloca como virtual candidato ao governo do Estado.
 
Casagrande sabe também que o fato de se dizer neutro não impedirá que o PSB capixaba suba no palanque do presidenciável socialista. Lideranças de peso do partido, como o presidente regional da sigla Macaciel Breda e o deputado federal Paulo Foletto já não escondem que estão com Campos.
 
No seminário sobre gestão nesta segunda-feira (14), promovido pela Rede Tribuna, que contou com a participação do governador pernambucano, ficou claro que a militância está muito mais preocupada em lançar Campos na corrida presidencial do que manter o discurso da neutralidade, que é só de Casagrande.
 
Não é à toa que os socialistas, após a fala do governador pernambucano, bradaram: “Um passo à frente, Campos presidente”. Sinais de que a prometida neutralidade de Casagrande, na prática, é um tanto relativa. 
 
Como ensinou Paulo Freire, “Toda neutralidade afirmada é uma opção escondida”. Casagrande se apega à neutralidade para criar um fato e acalmar a base de sustentação do seu governo, sobretudo o PT.
 
Numa analogia com o mundo futebolístico, é como se Casagrande tivesse assistindo a uma decisão de campeonato no meio da torcida adversária, e na hora do gol de seu time não pudesse soltar o grito e comemorar por motivos óbvios. Essa seria uma situação bastante embaraçosa para um torcedor fanático — caso de Casagrande e do PSB.

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