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Tratamento de choque

O Dia Nacional de Mobilizações contra o projeto que universaliza as terceirizações mobilizou trabalhadores de pelo menos 19 estados do País nesta quarta-feira (15). A estratégia era praticamente a mesma, bloquear vias, parar os ônibus e reunir o máximo de sindicatos para chamar atenção do poder público e da sociedade às mudanças que resultarão em prejuízos a diferentes categorias. Mas de que se tem notícia, até agora, somente a polícia do governo Paulo Hartung (PMDB) reagiu como nos velhos tempos: bombas de efeito moral e bala de borracha.

Embora o secretário de Estado de Justiça, André Garcia, tente justificar a reação da polícia com base no argumento de “ir e vir” e na decisão liminar da Justiça que proibiu o bloqueio das vias, inclusive recebendo solidariedade de parcela da população, vídeos postados nas redes sociais revelam violência desproporcional do batalhão de choque, que armado até os dentes, tinha pela frente um número pequeno de manifestantes.

Só para se ter uma ideia, em São Paulo, os protestos fecharam total ou parcialmente importantes vias de acesso à capital paulista. Na rodovia Anchieta, o ato reuniu cinco mil trabalhadores. As rodovias Presidente Dutra, na região de Guarulhos, e de Anhanguera também foram bloqueadas, formando um longo engarrafamento. Não houve repressão. O mesmo cenário foi registrado nas outras Capitais do País.

A escolha pela repressão policial, lamentavelmente, tem sido uma máxima no Espírito Santo. No currículo do governador Paulo Hartung, há uma lista de episódios. Inesquecível a violência empregada contra estudantes em 2005, no protesto que criticava o reajuste da passagem de ônibus. A polícia chegou ao extremo de invadir o campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que tem acesso restrito à Polícia Federal. Isso tudo comandado por um governador que foi líder do movimento estudantil.

O governado Renato Casagrande (PSB) também se valeu da mesma metodologia. Basta lembrar dos protestos que elegeram como alvo a Terceira Ponte em 2013.

Assim como nos demais estados, a mobilização desta quarta em Vitória tinha tudo para ocorrer de maneira pacífica. Com a polícia atuando como mediadora, acompanhando o ato. Mas treinada para reprimir, reprimir e reprimir, o Batalhão de Choque sequer permitiu voz aos manifestantes. Desligar som de trio elétrico…a quem ponto chegamos?

Não foi diferente o tratamento da polícia de Hartung aos protestos contra a corrupção e o governo Dilma no Estado? Alguns dizem que, tudo bem, foi num domingo. Mas se o argumento é o direito de “ir e vir”, e o mais avisados sabem que não é, este também foi violado. Nas duas ocasiões, os capixabas ficaram impedidos de atravessar a Terceira Ponte, por cerca de quatro horas.

Independente de concordar ou não com as diferentes motivações que geram atos públicos no Estado, é preciso entender que tanto os protestos contra a corrupção quanto os do trabalhadores são legítimos. Causam alguns transtornos? Causam. Isso é inevitável. Mas são instrumentos fundamentais do processo democrático. Tem a ganhar com isso, única e exclusivamente, a própria sociedade.

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