Chamou a atenção da classe política o resultado bem diferente entre a busca de recursos feita pelo governador Paulo Hartung em Brasília e a dos prefeitos ao Palácio Anchieta. Em nível nacional, Harutng foi aos ministérios e voltou com recursos, já os prefeitos saíram de mãos abanando da reunião com o governador.
Mesmo com a posição do governador no processo eleitoral – apoiando a candidatura do tucano Aécio Neves para a Presidência da República e disparando uma série de críticas contra a presidente Dilma Rousseff, mesmo depois da eleição –, Hartung foi bem recebido em Brasília, claro que para isso teve de contar com a ajuda de sua nova “amiga de infância”, a senadora Rose de Freitas (PMDB). Está dando certo. Hartung já recebeu até ministro no Estado.
A mesma atenção que recebeu do governo federal, porém, não dispensou aos prefeitos do Estado. Antes da posse ele se reuniu com a prefeitada, disse que não tinha mágoa da eleição – a maioria oficialmente apoiou Renato Casagrande –, mas depois de tomar posse da caneta, disse que não vai ter dinheiro para os municípios.
Os prefeitos, apesar da tentativa de amenização do presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), Dalton Perim, saíram do encontro decepcionados, ou melhor, angustiados, já que a situação nas prefeituras é crítica. Se o dinheiro chegar só em 2016, quando os prefeitos estarão disputando a reeleição ou tentando fazer sucessores, podem sair prejudicados, se a medida for vista como eleitoreira.
Essa posição do governo do Estado de que tudo cabe na cota dos cortes pode ser perigosa, até porque se o judiciário escapar da navalha, como parece ser o caso, a coisa vai ficar feia. Além disso, Hartung pretende manter intocadas as emendas dos deputados estaduais ao Orçamento. Ficará evidente que o governador estará beneficiando os entes do arranjo institucional que ele tenta reagrupar e que essa história de corte é bem direcionada.
O “não” de Hartung pode se tornar um problema sério. Ele venceu no interior do Estado e se virar as costas para esses eleitores, pode se complicar, afinal seu principal adversário, Renato Casagrande está sempre alerta.
Fragmentos:
1 – Se a intenção do diretor do Detran, Fabiano Contarato era causar polêmica com a divulgação da lista de motoristas pendurados, conseguiu atingir seu propósito. É que na lista estão várias espécies da fauna política capixaba. Causou saia justa no Palácio Anchieta.
2 – Aliás, essa história da lista é mais fumaça do que qualquer coisa. A lista sempre foi divulgada no diário oficial e os veículos de comunicação sempre exploraram algumas lideranças dessa relação. O que aconteceu agora, foi a atração dos holofotes para a lista toda.
3 – Se a crise das redações tiver relação com os cortes de gastos do governo do Estado, a coisa é perigosa. Mexer com o dinheiro da publicidade já derrubou governador neste Estado e não faz muito tempo.
