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Um dia na história

O dia 6 de fevereiro, ano da graça de 1964, entrou na história da música como a data em que os Beatles chegaram à América para fazerem sua primeira apresentação, nas asas da PanAn, a extinta PanaAmérica. Em Nova York, aeroporto JFK, que nunca viu tanta gente antes. Houve certo tumulto e até alguns feridos. Ou feridas, que prevaleciam as garotas.
 
No mesmo dia, mas em 1943, Frank Sinatra estreia no programa de  rádio, “Your Hit Parade”, ainda sem muito alarde.  Diz a lenda que uma garota de 15 anos, Marsha Albert, telefonou para  uma rádio em Washington, perguntando: “Por que não temos músicas como essa?”  O DJ tocou “I Want To Hold Your Hand,” e sua audiência subiu às alturas, fazendo com que outras estações corressem atrás de músicas da banda inglesa.  E o resto sai da lenda e vira história.
 
Já famosos na Inglaterra, o sucesso americano com certeza tornou a banda internacional. Por estranha coincidência, a fabulosa carreira dos quatro garotos de Liverpool terminou também na América, depois que John recebeu um certo telefonema… Estavam eles no reino da fantasia, a Disney World, exatamente no Polinesyan Hotel e Resort.  Onde, aliás, estive no último final de semana, sem saber da importância histórica do local.  Nem vi por lá qualquer referência ao fato.
 
Sem qualquer correlação social ou musical, certa vez me hospedei no hotel Hilton de Amsterdan, onde John Lennon e Yoko Ono passaram a lua de mel, no famoso quarto branco. Onde fizeram uma semana de protestos, sem sair da cama, contra as guerras no mundo. Somos todos contra, mas como passar uma semana na cama?   Paul McCartney e John Lennon se conheceram em 1957, em uma apresentação da Quarrymen, a primeira banda formada por John.  Foi amor musical à primeira vista, e depois do show eles ficaram tocando juntos. Segundo Paul, John estava completamente bêbado, o que quebra todas as regras para um bom relacionamento comercial.
 
E tem a história do Vaticano considerar a banda satânica, por dizer que eles eram mais populares que Jesus. Em 2010, o Vaticano entendeu que mais popular não queria dizer, necessariamente, mais divinos, e  se redimiu, citando Revolver como o melhor álbum musical de todos os tempos.  Ringo Starr considerou desnecessário.  Tem muitas coisas que os rapazes de Liverpool fizeram primeiro que os outros, como os videoclips musicais,  imprimir as letras das músicas na capa dos álbuns, e fazer shows em estádios. Outra: na capa do Submarino Amarelo,  o gesto de fazer chifrinho na cabeça do outro.
 
De tantas belas  músicas do grupo,  favorita é Penny Lane, que é uma rua em Liverpool. Talvez os rapazes não soubessem que o nome veio de James Penny, um rico traficante de escravos no século 18 que sempre se manifestou contra os movimentos para proibir o tráfico de negros.  O sucesso da música fez com que esse fato ficasse conhecido, e os Beatles foram acusados de racistas. Mas a culpa é do país que tanto combateu a escravatura mas manteve uma rua com o nome desse personagem. Ou a velha tradição inglesa, onde mudar, seja o que for, é pecado.
 
Não sou e nunca fui fã do rock and roll, e não me impressionei muito com os Beatles, talvez já tivesse passado da idade quando eles mudaram o mundo. Lembro da primeira vez que ouvi falar neles – uma reportagem na revista O Cruzeiro, intitulada – Uma bofetada na fleuma inglesa. Reconheço o valor e o legado dos moços, embora os tenha chamado de medíocres em crônica publicada na época em que faziam o maior sucesso. Deve ter sido inveja. Tal como o Vaticano, peço desculpas, mesmo sabendo que os moços, onde quer que estejam, considerem minha opinião desnecessária.

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