Nessa terça-feira (29), o governador Paulo Hartung (PMDB) vai ao Facebook para mais uma demonstração de como usar as palavras a serviço do “não dizer”. Afirmou que a decisão que o partido tomaria já havia sido tomada por ele em 2014, quando foi candidato de oposição no Estado e em nível nacional. Será mesmo que o governador acha que o capixaba e a classe política têm uma memória tão curta assim?
Então, relembremos. Hartung se aproximou do PSDB para tirar o partido do palanque do governador Renato Casagrande (PSB), que oferecera a vaga ao Senado para Luiz Paulo Vellozo Lucas. Em uma manobra com o então presidente do partido, César Colnago, que virou vice, ele atraiu o partido. Não subiu no palanque majoritário do PT, mas apoiou por baixo dos panos a candidatura ao Senado de João Coser.
Esteve no palanque de Aécio Neves, mas os comentários em nível nacional são de que o tucano não saiu nada satisfeito com o empenho de Hartung em sua campanha de oposição no Estado ao governo federal. Não viu coro no palanque regional. E de quebra, embora, tenha vencido, o tucano viu um desempenho muito bom da presidente Dilma com o eleitorado de Vitória.
Após a eleição, o governador subiu no muro e passou a repetir um mantra: “Quem venceu não entendeu que o País saiu dividido, e quem perdeu não desceu do palanque”. Agora, o governador vem dizer que fez sua opção em 2014. Então, não dá para acreditar que este não seja mais um discurso de ocasião, que pode mudar de acordo com os ventos que sopram de Brasília.
É verdade que o PMDB capixaba vem seguindo a linha da nacional, e é verdade também que nada deve acontecer no partido sem o consentimento de Hartung, mas a classe política espera um posicionamento da principal liderança política do Estado. E esse discurso escorregadio não pode durar para sempre.
Fragmentos:
1 – Em João Neiva, norte do Estado, a população espera um enfrentamento entre o ex-prefeito Luiz Carlos Peruchi e o vereador Paulo Sérgio, o Micula, que se filiou ao PSDB. O prefeito atual, Romero Gobbo (PT), não está bem com o eleitorado.
2 – A quase esquecida do Transcol, uma das primeiras a ser criada na Casa, parecia quase parada, mas não está. A comissão foi proposta pelo deputado Euclério Sampaio (PDT) e apura irregularidades no sistema. Em sessão extraordinária realizada nesta terça-feira (29), a CPI do Transcol, aprovou envio de oficio ao Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES).
3 – Os deputados solicitam a disponibilização de dois técnicos para análise de documentação do processo de licitação e nos contratos de concessão do sistema Transcol ocorrido em 2014. Essa seria mais uma tentativa dos aliados do atual governo de tentar desconstruir o governo anterior, assim como a CPI dos Empenhos.