A entrada de Marina Silva no PSB certamente vai mudar o perfil democrático do partido, que se projetava como a grande opção para as eleições presidenciais do ano que vem. A posição de Eduardo Campos com relação às políticas LGBTs, foram de imediato relegadas a um segundo plano – segundo a assessoria do candidato, assuntos delicados como os direitos civis de gays, lésbicas, travestis, bissexuais e transexuais só entrarão na pauta em 2014, com a chapa já pronta.
Existe uma enorme expectativa com relação à afinação desse principal posicionamento divergente. Marina já acenou contra o casamento civil igualitário, ela é evangélica, e tem ao seu lado o apoio de pastores fundamentalistas como Silas Malafaia, que promove o ódio e a intolerância político, sócia e religiosa contra os LGBTs.
Na eleição passada, foi a campanha demagógica de Marina que fragilizou a então candidata Dilma Rousseff, tornando-a vulnerável ao fundamentalismo religioso na política, o que culminou em uma série de chantagens, acabando por obstruir projetos importantes como Escola sem Homofobia, que visava preparar os professores para lidar com o bullying homofóbico nas escolas, e até campanhas publicitárias de prevenção da AIDS.
Esse entrave no avanço dos reconhecimentos dos direitos LGBTs faz parte do plano de golpe político que avança célere pelo Legislativo e, através dessa coação eleitoreira, atinge o Executivo, arquitetado pela bancada evangélica, que pretende quebrar a laicidade constitucional e transformar o Brasil numa república teocrática.
Políticos envolvidos com a bancada fundamentalista estão se infiltrando em todos os partidos e buscando alcançar cargos de destaque e relevantes ao seu preconceito. Os LGBTs, alvo dessa política segregacionista, acabam sendo as vítimas constante desse ódio sexista, que adultera conceitos religiosos para justificar suas atitudes criminosas.
Mesmo querendo fugir da imagem clara de homofóbica, Marina Silva está em concordância com essa tentativa de golpe. Pretende usar os votos que conseguiu há quatro anos, para conquistar apoio desses políticos/pastores fundamentalistas aumentando seu quociente eleitoral e, assim, impor sua ideologia dogmática com relação aos chamados “temas delicados”, como os LGBTs.
Eduardo Campos, por sua vez, parece que vai cair no mesmo abismo político no qual Dilma afundou. Tudo pelo poder ou, pela imagem de poder. Marina no governo, como vice ou não, será uma eminência parda de um Eduardo Campos eternamente coagido, isso se ele já não perder a candidatura para ela.
A história tende a se repetir e a diversidade sexual como minoria social oprimida, continuará moeda de troca eleitoreira.