O ex-governador Renato Casagrande (PSB) está imbuído em tocar a música certa já agora nas eleições municipais para chegar forte em 2018. Vai estar permanentemente na rua (ambiente em que é reconhecido até pelos seus adversários como um de seus melhores predicados eleitorais) e nos palanques para formar uma linha de combate ao governador Paulo Hartung (PMDB).
Vão vê-lo pisando em terra firme. A convivência com Hartung, especialmente durante seus quatro anos de governo, ensinou Casagrande a lidar com ele a ponto de fazê-lo um combatente. Enxergando as eleições municipais vindouras sumárias à disputa para o governo do Estado ( 2018). Sem ser, contudo, um candidato irreversível ao governo, Casagrande está convicto de que na disputa de 2018 pode muito bem surgir um outro nome pelo caminho e deslocá-lo para outra direção.
A estratégia dele é constituir forças para apear PH do governo, mudando o rumo da política capixaba. Daí a importância que dá a eleição municipal. Vão vê-lo firme no palanque do Luciano Rezende (PPS) em Vitória, mas jamais no palanque no Audifax (Rede) na Serra, mesmo que o diretório do PSB serrano cometa a heresia de adotá-lo candidato.
Casagrande está movido da condição do potencial eleitorado da Grande Vitória. Nas últimas eleições bateu PH nos municípios da região metropolitana (em Vitória praticamente empatou com PH, uma diferença de cerca de mil votos). Vai ter palanque na Serra que não seja o de Audifax. Há duas hipóteses: Vandinho Leite (PSDB) e o deputado federal Givaldo Vieira (PT), que foi o seu vice-governador.
Mas as maiores chances vão para o Vandinho. O partido dele está construindo aliança nacional com PSB, o que aproxima naturalmente os dois. São remotas as possibilidades de Casagrande construir palanque com o PT, justamente por esse movimento nacional do partido, que segue na direção oposto ao PT. Além do mais, existe a possibilidade de travar-se na Serra um embate favorável contra PH.
Nesse momento, o governador Paulo Hartung tenta unir Audifax ao ex-prefeito e atual deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) para evitar perder na Serra. Vidigal resiste, apesar das ofertas de uma candidatura ao Senado ou a vice-governador em 2018. Não disputar a prefeitura da Serra seria, de certa forma para Vidigal, correr o risco de não exercitar o seu capital político feito nessa sua adversidade com Audifax.
Dessa mesma maneira com que Casagrande encara a Serra, encara também o Estado e principalmente os outros municípios da Grande Vitória. Em Vila Velha, ele pode repetir a fórmula usada na Serra, se aliando a um candidato também do PSDB, que tanto poderia ser o deputado federal Max Filho como o deputado estadual Hércules Silveira, que Max Filho trabalha para levar para o ninho tucano na próxima abertura da janela de mudança de partido.
Olha que estamos falando de dois dos maiores colégios eleitorais do Estado. Considerando que em Vila Velha o governador Paulo Hartung terá que carregar um candidato pesadíssimo, que é o atual prefeito Rodney Miranda (DEM). Uma candidatura como a do Hércules Silveira, com Casagrande e Max Filho no palanque, teria só como adversário real o ex-prefeito Neucimar Fraga (PSD).
Poderia se alegar que em Vitória Casagrande está sujeito a compartilhar a derrota com Luciano Rezende (PPS), em caso de insucesso do projeto de reeleição do prefeito. Mas ele no palanque de Luciano não fará feio. Pelo contrário, pode fazer crescer a competitividade de Luciano, desde que saiba transformar o palanque do prefeito do PPS num outro confronto com o governador Paulo Hartung.
Casagrande, enfim, despertou e viu que permanecer prisioneiro do seu próprio partido é oferecer de bandeja a PH a eleição de 2018. Imaginem ele subindo no palanque do deputado Freitas à prefeitura de São Mateus? Todo mundo sabe que Freitas não faz outra coisa que não seja a de tentar entrar no time de PH. A mesma coisa com o deputado estadual Bruno Lamas, servil a PH na Assembleia e já alinhado à reeleição de Audifax.
Casagrande chegou à conclusão de que é necessário rever a sua estratégia de inteligência política, oferecendo segurança operacional nas ações contra PH, visando a formação de uma falange capacitada a alcançar o poder no Espírito Santo, pondo fim a uma era construída sob o regime do medo.