Nos últimos três anos, o prefeito Luciano Rezende (PPS) comemorou o aniversário de Vitória sempre procurando exaltar o lado “colorido” da capital, ou seja, suas belezas naturais. Convenhamos, uma tarefa bem mais fácil, já que os atributos da ilha ajudam a promover os aspectos positivos e a disfarçar os problemas.
O prefeito enche a boca para falar em qualidade de vida. Sempre que tem uma oportunidade ressuscita sua veia de esportista, dando umas boas pedaladas pela cidade. Como estratégia de marketing pode até funcionar desfilar de bicicleta ao lado de um ator global, como aconteceu no feriadão de Sete de Setembro. Mas quando foi preciso assumir posições mais corajosas, o prefeito foi omisso. Como na recente discussão do Pó Preto. O polêmico assunto deflagrou uma CPI na Câmara e pôs a população em estado de alerta sobre os riscos que as operações de Tubarão representam à saúde do morador de Vitória.
Luciano, mesmo pressionado pelo sociedade civil organizada e por parte dos vereadores, não quis comprar a briga com as poluidoras. Os ambientalistas acusaram o prefeito de correr do debate. “O prefeito, que é médico, precisa desenvolver humanidade e atender aos anseios da população. Ninguém aguenta mais o pó preto”, disse um militante durante um protesto.
Nas odes que fez nas últimas horas em homenagem aos 464 anos de Vitória, Luciano lembrou, por exemplo, que sempre teve ótimas recordações dos tempos em que costumava remar pela Baía de Vitória. Bons tempos! A realidade hoje, porém, é completamente diferente. Essas remadas memoráveis de Luciano fazem parte de um passado cada vez mais longínquo. Os movimentos sociais lutam hoje para frear a degradação da Baía de Vitória, em grande parte causada, mais uma vez, pelas agressões ambientais da Vale e ArcelorMittal.
Para comprovar que a poluição da Praia de Camburi esta na ordem do dia, no domingo retrasado (3) houve mais uma edição da “Maratona Aquática”, que chama atenção da população para o problema.
Na avaliação dos movimentos ambientalistas, o prefeito tem sido omisso na implementação de políticas públicas de proteção ao meio ambiental, deixando a população entregue à própria sorte.
Quando o tema passa para mobilidade urbana, Luciano Rezende também não tem tratado a cidade com a deferência esperada . O fato é que a capital avançou muito pouco nesse quesito. O chefe do Executivo municipal gaba-se das novas ciclovias e ciclofaixas feitas na sua gestão, o que é muito pouco para quem prometia um pacote de soluções viárias para a cidade.
É verdade que as grandes obras de infraestrutura urbana dependem das verbas dos governos federais e estadual. Mas isso Luciano já sabia. Foi ele quem prometeu a mudança incondicional e criou a expectativa na população de que era possível fazer muito mais por Vitória.
Hoje o prefeito justifica que não está conseguindo cumprir as promessas de campanha por causa da queda de arrecadação. Ele fala que Vitória tem uma realidade antes e depois do fim do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias). Mas essa também era uma perda anunciada, quem se propôs a disputar a prefeitura sabia que enfrentaria uma queda significativa na arrecadação. E olha que tem prefeitura em situação muito mais crítica estado afora.
Em 2016, no aniversário de 465 anos de Vitória, Luciano ainda estará à frente do município. A essa altura do campeonato, o prefeito, provavelmente, estará em plena disputa eleitoral, na busca pela reeleição. Talvez não seja o bastante o prefeito exaltar, pela quarta vez consecutiva, as belezas indiscutíveis de Vitória. Talvez a “Senhora” quatrocentona espere um pouco mais do seu mandatário.