O governo do Estado tenta passar a impressão de que saiu vitorioso do episódio envolvendo a ocupação do Palácio Anchieta pelos movimentos sociais. Para o governador Paulo Hartung é imperioso que a situação seja invertida, já que quem conseguiu sucesso, na verdade, foi o movimento social.
Paralelamente, o governo tenta politizar a ação, tentando ligá-la aos movimentos nacionais, que dividem o País em pró e contra o governo Dilma Rousseff. A ocupação dessa terça-feira (8) nada guarda de relação com a situação política do País, até porque o governador Paulo Hartung segue em cima do muro em relação à questão nacional.
Os aliados do governador é que tentam aproveitar o debate nacional para desviar o foco da discussão. O governo diz que a ocupação foi desnecessária, mas tudo isso poderia ter sido evitado se o secretário de Educação Haroldo Rocha tivesse atendido o movimento e dado algum sinal positivo para as demandas.
Querer parecer vencedor da contenda não é apenas uma questão de vaidade do governo do Estado. É que isso abre um perigoso precedente. A ocupação do Palácio Ancheita mostrou que é possível ocupar o poder e pressionar o governador dentro de seu local de trabalho. E mostrou que foi muito fácil.
Isso pode trazer muitos problemas para o governo, já que o número de categorias insatisfeitas com a atenção dispensada pelo governo é muito grande. As demandas represadas, somadas ao caminho aberto pelo Movimento Campo Cidade e a insatisfação da população com as medidas de contenção do governo, podem colocar Hartung em uma situação bem fragilizada.
Ao assumir o governo, Hartung tentou desconstruir a imagem de seu sucessor com o discurso do cofre vazio. Hartung passa agora uma imagem de que conseguiu salvar o Espírito Santo da crise. O que o governador não contava é que a crise fosse realmente chegar.
Depois do protesto do Fórum das Entidades dos Servidores Públicos que por mais que incomodasse, não radicalizou o movimento, principalmente porque o governo contou com a operação abafa de parte da imprensa, Hartung deve ter achado que seria mais fácil lidar com os movimentos sociais.
Ele só se esqueceu de combinar com o Movimento Campo Cidade. Uma vez aberto o caminho para que a população possa cobrar suas demandas, pode ficar complicado despachar no Palácio Anchieta.
Fragmentos:
1 – O governo de São Paulo sofreu com a crise na Educação. O do Rio de Janeiro tropeça na área de Saúde. O Governo do Espírito Santo parece estar somando o pior dos dois estados.
2 – Os militantes da Rede Sustentabilidade no Espírito Santo estão enviando emails à coordenação nacional reclamando da condução do partido de Marina Silva no Estado. Há o risco de desfiliação em massa.
3 – O movimento Fora Dilma da Serra enviou oficio ao 6º Batalhão da Polícia Militar sobre a concentração do movimento no município. Será neste domingo (13) a partir das 14 horas, atrás do Terminal de Laranjeiras. Mas os manifestantes não vão de ônibus. Uma carreata sairá do local até a Praça do Papa, na Enseada do Suá.