Segunda, 29 Abril 2024

Vitória parcial

 

A vitória das bancadas do Rio de Janeiro e Espírito Santo para adiar a votação dos vetos presidenciais ao projeto que altera a partilha dos royalties do petróleo pode ser classificada como heróica. Afinal, somando as bancadas da Câmara e do Senado dos dois estados, eram apenas 62 combatentes contra 532. No desfecho desse primeiro round deu “zebra”, ou seja, o adversário “mais fraco” derrotou o franco favorito. 
 
Após embargar a manobra dos parlamentares dos estados não produtores, que queriam aprovar, numa só tacada, os 3.059 vetos que estorvavam a apreciação do polêmico veto dos royalties, deputados e senadores do Rio de Janeiro e Espírito Santo não se continham de tanta euforia. 
 
O entusiasmo empolgou os oportunistas de plantão, que não perderam tempo para capitalizar da melhor maneira os louros da épica vitória. Euforia à parte, é sempre bom lembrar que ainda não há nada ganho. 
 
Sem contar que os estados produtores conseguiram a vitória parcial muito mais pela incompetência dos não produtores, que foram derrotados pelo plano estapafúrdio que pretendia apreciar, em uma única leva, mais de três mil vetos. Uma estratégia que tinha tudo para dar errado.
 
Quem se atentou para as fotos publicadas nos jornais de hoje (20), que estampavam as pilhas de blocos de votação com as opções sim, não e abstenção e as urnas improvisadas, espécie de caixotes grosseiros, espalhadas pelo Congresso Nacional, pode perceber o amadorismo da manobra. 
 
Como disseram alguns parlamentares, para o bem dos que insistiam com a ideia, foi até bom para a imagem do Congresso que o plano tenha naufragado antes de ser colocado em prática. Seria um vexame total. Não podemos nos esquecer que o Brasil não é mais um país inexpressivo para a comunidade internacional. Pelo contrário, tudo que acontece aqui repercute mundo afora. E essa manobra, se avançasse, renderia boas piadas na mídia internacional. 
 
Voltando à peleja, se o contragolpe dos estados produtores nocauteou em cheio as pretensões dos não produtores, as declarações de algumas lideranças que saíram derrotadas indicam que os próximos assaltos programados para 2013 reservam disputas duríssimas entre produtores e não produtores. 
 
Pela persistência dos adversários, que não estão dispostos em jogar a toalha, essa deve ser uma daquelas lutas decididas somente no último assalto, e por pontos. No final, os lutadores, já exaustos, ficam prostrados lado no ringue, com os corpos bastante castigados pelos duros golpes que se sucederam durante todo o combate, esperando o juiz levantar o braço do vitorioso, que vai deixar o rinque com uns bons milhões a mais no bolso.

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