Eder Pontes deve ter posto a champanhe pra gelar ainda em janeiro, quando já sabia que seria candidato único a procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). No final da tarde desta sexta-feira (21), após o anúncio do resultado da “eleição”, Pontes comemorou a vitória, que já era mais que certa.
Vencer, venceu, mas por WO. O que torna a vitória um tanto sem graça. Dos 313 procuradores e promotores aptos a votar, 277 foram às urnas. Eder Pontes foi reconduzido à chefia do MPES para o biênio 2014/2016 por 207 membros, ou seja, 75% dos votantes. O que soa estranho é que 70 eleitores votaram em branco ou nulo.
Por dedução lógica, se interpreta que 70 pessoas, ou 25% dos votantes, não queriam que Eder continuasse à frente do MPES. Mais estranho ainda é pensar que desses 70 que desaprovam Eder, nenhum teve a coragem de colocar o nome na disputa para representar os insatisfeitos. Sem contar que dos 313 membros, outros 36, por algum motivo, não votaram. Sendo assim, o número dos que reprovam a gestão do atual chefe do MP poderia ser ainda maior.
É perturbador saber que o órgão que tem, ou deveria ter, o papel de procurador da sociedade civil na fiscalização de seus direitos, abre mão da prerrogativa de promover o debate de ideias, de opiniões. Em outras palavras, abre mão de exercer a democracia.
Se houvesse o debate, além da sociedade, a instituição e os membros do MPES sairiam ganhando. Apesar do seu favoritismo, mesmo Pontes sairia ganhando, porque sua vitória seria legitimada por um processo eleitoral democrático.
O champanhe da comemoração teria verdadeiramente o sabor da vitória, não o gosto insosso de quem venceu sem precisar jogar.