Como sempre muito distraída, Maria perde o celular. Já devia estar acostumada, pois sua lista de aparelhos perdidos, quebrados ou roubados é longa. Desta vez doeu mais que as outras, pois era um novíssimo iPhone 5. Maria não está sozinha; cerca de 120 mil aparelhos celulares são esquecidos anualmente nos táxis de Chicago, e 19 mil no metrô de Nova York. Isso apenas em duas das maiores cidades americanas.
Maria liga para o restaurante onde esqueceu o aparelho, e obviamente recebe a má notícia de que nenhum celular com tais especificações foi encontrado no recinto. Como, aliás, também não encontraram nenhum celular com outras especificações. A coisa é do tipo, quem acha não alardeia nem devolve. Mais uma vez, Maria não está sozinha – sete milhões de celulares são roubados ou perdidos diariamente nos States, onde 96% da população tem celular.
Numa população mundial de 6.8 bilhões, 5.1 bi têm celulares, embora apenas 4.2 bi têm escovas de dente. Que, sabemos, custam bem mais barato. Tem mais celulares que TVs no mundo. O cidadão comum leva em média 90 minutos para responder um email, e 90 segundos para responder um torpedo. Portanto, se precisar de uma resposta rápida… O mesmo cidadão comum leva 26 horas para reportar a perda da carteira/cartões de crédito, e apenas 68 minutos para reportar a perda/roubo do celular.
Desta vez, ao invés de dar o objeto como perdido, Maria parte para a luta, tentando rastrear o celular perdido, mesmo sabendo que se o novo dono do seu celular novo mudar o chip, adeus rastreador. Maria entra no sítio da Apple e acessa o aplicativo “Buscar meu iPhone”, mesmo sabendo que se o telefone não for ligado, também não vai ser rastreado. Maria nada encontra, mas aperta outro botão, “Me avisa se o telefone for ligado”, e espera.
Várias semanas depois, a esperada mensagem pipoca no computador – “Telefone encontrado!” No mapa anexo, um sinal piscando indica o local, e a informação de que o aparelho está sendo carregado. Maria aperta o botão de alarme, que vai soar no telefone perdido, ao mesmo tempo que envia a mensagem, “Esse telefone foi perdido. Se você o encontrou, favor ligar para o número. ” Maria espera uma hora e ninguém liga de volta. Continua enviando o sinal de alarme cada vez mais alto… e liga para a polícia.
Eles a mandam ir para o local onde está o telefone, e quando estiver a uma quadra de distância, ligar para eles. “Iremos buscar seu telefone”. Maria segue seu destino, sempre acompanhando a localização do aparelho no sítio, caso mude de lugar. Quando está próxima do local do crime e vai chamar a polícia, finalmente o telefone de apoio toca, e uma voz de mulher lhe informa, eufórica, “Encontrei seu celular”. Tão boazinha!
Para Maria, tudo acabou bem. A mulher conta que estava no restaurante, o telefone dela caiu no chão e, ao se abaixar para pegá-lo, teve a grata surpresa de encontrar não um, mas dois celulares. Como estava sem bateria, não pôde ligar antes, “Só hoje encontrei alguém com o mesmo celular, e me emprestou o carregador”. Interessante. Maria deu sorte, pois apenas 14% dos 113 celulares perdidos ou roubados a cada minuto nos States são recuperados, mesmo com rastreadores, bloqueadores, etc. Hoje, 40% dos crimes são roubos de celular.