
Maluca e demoníaca para muitos, libertária e genial para outros, Luz del Fuego marcou a década de 1950 e apesar das tentativas de silenciá-la – que incluíram duas internações em instituições psiquiátricas e a destruição dos exemplares do seu livro – ela atingiu o seu intento “(…) fazer-se lembrar mesmo após 50 anos”.
Uma parte dessa história pode ser vista no documentário A Nativa Solitária, de 1954, que faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES).
O filme foi localizado em estado de deterioração. Após ser restaurado foi encaminhado ao APEES para a sua guarda. É desconhecida a existência de alguma cópia do original, o que confere à obra uma grande relevância e raridade.
O Arquivo Público, visando à ampliação do acesso e à preservação da película, realizou recentemente a remasterização do filme no Laboratório de Cinema Casablanca, em São Paulo, que fez a conversão para HD e o tratamento da imagem.
No documentário, homens e mulheres dançam e brincam nus na Ilha do Sol, o primeiro clube naturista brasileiro. A biografia Luz del Fuego: A Bailarina do Povo, escrita por Cristina Agostinho, Branca de Paula e Maria do Carmo Brandão, relata que o local tinha registro na Federação Internacional Naturalista da Alemanha e alcançou, em sua fase áurea, a marca de 240 sócios pagantes.
Dentre eles governadores, ministros, militares de alta patente, milionários, estrelas do cinema e turistas de todo o mundo, que só podiam permanecer na ilha se estivessem completamente sem roupa.
Nascida em Cachoeiro de Itapemirim, no dia 21 de fevereiro de 1917, Luz del Fuego pertencia à tradicional família Vivácqua, que deu expressivas figuras políticas ao Espírito Santo. Era irmã do senador Atílio Vivácqua e de Archimedes Vivácqua, que foi vice-governador. Dora Vivácqua se tornou conhecido com o nome que adotou de uma marca de batom argentino, Luz del Fuego. Desde criança mostrava-se diferente ao não aceitar imposições.