Sexta, 29 Março 2024

Artistas revisitam expedições de Burle Marx ao Espírito Santo

burle_marx_pancas_divulgacao Divulgação

Roberto Burle Marx (1909 - 1994) é um verdadeiro ícone da arte e do paisagismo no Brasil. Entre seus feitos está o de ser o primeiro a utilizar as plantas nativas do país, substituindo a tradição colonizada dos jardins franceses e ingleses que sempre dominaram. Mas seus projetos paisagísticos são fruto de longas pesquisas e expedições ao longo de quatro décadas em busca de espécies raras pelos diversos biomas brasileiros. Um dos locais que fez parte dessas viagens é a região do Vale do Rio Pancas e dos Pontões Capixabas.

Por isso, em outubro passado, um grupo multidisciplinar de dez pessoas, incluindo artistas visuais, arquitetos e biólogos, revisitou este local por meio de uma residência artística de uma semana, buscando um diálogo com as passagens do multifacetado artista, que também foi pintor, escultor, ceramista, designer de joias, músico e ecologista.

Pontões Capixabas, em Pancas, serviram de inspiração para Burle Marx e artistas do Espírito Santo. Foto: Divulgação

Partindo de estudos prévios sobre esses trajetos de Burle Marx e em contato com o esplendor da natureza local, a Residência Expedição de Burle Marx ao Vale do Rio Pancas apresenta os resultados e obras produzidos até o dia 23 de dezembro na Casa Tutti, localizada no Centro de Vitória. Participam os artistas Alessandra Felix, Clara Pignaton, Igor Maia, Karlos Rupf, Lilian Dazzi, Maria Emilia Vasconcellos, Patrícia Stuhr, Raquel Garbelotti e Yurie Yaginuma.

Clara, uma das idealizadoras da residência, ressalta o interesse de Burle Marx por toda flora brasileira, com suas viagens que ajudaram inclusive a descobrir novas espécies, cujos nomes científicos o homenageiam. Tornou-se também colecionar, tendo criado em seu sítio um grande viveiro de espécies, em Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, hoje administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e tombado este ano como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

"Ele tem um interesse muito grande pela vegetação rupestre, que vai se desenvolvendo em contato direto com as pedras. A formação rochosa em Pancas é muito singular, numa situação isolada com condições complexas e adversas, como pouco substrato e grande alteração de temperatura. Por isso ele tem esse fascínio com a paisagem de lá", explica. 

A natureza, as plantas e pedras do entorno dos Pontões são inspiração, suporte e material artístico que fazem parte da exposição pós-residência, que traz elementos naturais coletados no caminho, vídeo-instalações, fotografias, desenhos, pinturas, sons e outros elementos que provocam ao visitante informações e reflexões estéticas, ecológicas, políticas, históricas e filosóficas.

"Fazer paisagem artificial não é negar nem imitar servilmente a natureza. É saber transpor, e saber associar, com base num critério seletivo, pessoal, os resultados de uma observação morosa, intensa e prolongada", diz texto de Burle Marx presente em uma das instalações da exposição, com evidente paralelo possível entre o paisagismo artificial mencionado e trabalho artístico ali exposto.

Os resultados da residência não tratam apenas da natureza mas também das ações humanas e das vivências daquele território, antes habitados por povos originários botocudos e posteriormente por comunidades pomeranas.

A Residência Expedição de Burle Marx ao Vale do Rio Pancas aconteceu com recursos da Lei Aldir Blanc por meio de seleção da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult-ES) e apresents também registros no site www.residenciaexpedicao.com.br.

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