Para estimular a conscientização e a implementação de estratégias voltadas para a preservação do patrimônio, alguns municípios capixabas têm sediado as edições do Seminário Patrimônio Cultural e Riscos. Neste sábado (24) é a vez de São Mateus e municípios vizinhos discutirem, junto com especialistas e pesquisadores, os diversos aspectos da gestão e da preservação dos patrimônios históricos. O evento será realizado das 8 h às 17h, no Porto de São Mateus, no Centro da cidade.

Cada patrimônio tem a sua especificidade e está sujeito a diversos riscos que devem ser evitados por meio da construção de planos e ações. Os seminários são espaços de discussão com a comunidade e gestores públicos com o objetivo de envolvê-los em ações que visem à proteção e ao cuidado do patrimônio cultural em suas diversas vertentes.
A região de São Mateus foi uma das mais remotamente ocupadas por portugueses no Espírito Santo durante o século XVI. Foi em 1558 que ocorreu um dos mais sangrentos massacres a índios Tupis, promovido pelos portugueses, uma resposta da Coroa Portuguesa à morte de Fernão de Sá, filho do então governador geral do Brasil, Mem de Sá.
No século seguinte, o tráfico abastecia a localidade com escravos negros, o que foi marcante para a trajetória histórica local, dos pontos de vista social, econômico e cultural.
Até o final do século XIX, a produção de farinha de mandioca foi a base da economia da região, sendo elemento fundamental para a estruturação do porto fluvial da cidade. A área do entorno do porto tornou-se gradativamente o principal núcleo de atividades da população, notadamente aquelas ligadas ao comércio, inclusive às transações de escravos.
Nessa época, foram trazidos arquitetos portugueses que edificaram a maioria dos casarios do porto – uma mostra dos tempos de prosperidade do lugar. Porém, o crescimento da região portuária durou apenas até as primeiras décadas do século XX.
Depois disso, o casario foi conservado graças e existência de casas de prostituição no local. A restauração se deu nos anos 1980, com recursos da então Aracruz Celulose. O patrimônio material e imaterial de São Mateus tem origem nessa história e sua preservação estará em discussão com a comunidade neste sábado (24).
Os eventos são uma realização da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult)
Programação 4º Seminário Patrimônio Cultural e Riscos
8h: Credenciamento e café com cultura
9h: Abertura: Joelma Consuêlo Fonseca e Silva (Subsecretaria de Estado de Patrimônio Cultural)
9h30: Patrimônio Arquitetônico e Riscos – Pedro Canal (Arquiteto Urbanista/ Instituto Góia)
10h30: Patrimônio Imaterial e Riscos – Osvaldo Martins (Antropólogo/Ufes)
11h30: Voz da comunidade
12h: Almoço
13h30: Patrimônio Natural e Riscos: Simone Raquel Batista Ferreira (Geóloga/Ufes)
14h30: Patrimônio Museológico e Riscos Henrique Valadares (Arqueólogo / Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo)
15h30: Café com cultura
16h: Voz da comunidade
17h: Encerramento – Jongo de São Benedito