Morre Laura Felizardo, matriarca da cultura Bantu no Espírito Santo
É com pesar que Século Diário noticia o falecimento de Laura Felizardo, matriarca da cultura Bantu no Espírito Santo. Pedindo "que Deus nos conforte neste momento de dor e nos abençoe", os familiares de Laura informaram que o falecimento se deu na manhã desse domingo (7) e o velório e enterro aconteceram nesta segunda-feira (8), no Cemitério de Maruípe, em Vitória.
Aos 92 anos da idade, Dona Laura era uma das personalidades mais queridas e celebradas do congo capixaba, tradição folclórica da qual sua família foi uma das precursoras, ao se instalar na região do Córrego do Feijão, em João Neiva.Segundo pesquisas feitas pelo filho, o bailarino e coreógrafo Paulo Fernandes, foi o avô de Laura, Colodino Felizardo, que trouxe os ritmos do congo da África – Congo e Angola – para o Espírito Santo, implantando a cultura inicialmente em João Neiva, em um sítio na comunidade Morro do Feijão, onde a família ainda reside.
Paulo vinha acompanhado sua mãe, nos últimos anos, em diversas outras homenagens prestadas a ela em câmaras de vereadores, Assembleia Legislativa e cinema e instituições acadêmicas.
"O reconhecimento dela dá visibilidade histórica e cultural neste Estado, onde 80% dos afrodescendentes não se reconhecem negros. Precisamos de ícones para esse reconhecimento", ponderou, em uma de suas entrevistas a Século Diário, por ocasião do mês da consciência negra de 2018.
"São importantes porque proporcionam acesso ao conhecimento, que é um direito ligado à cidadania e nos faz restituir valores pra aumentar a nossa consciência e autoestima", disse. "Isso é consciência negra!", afirma. "É ter elementos pra saber de que lugar você fala, que eu chamo de identidades e que são representações culturais que a gente perdeu, que ficaram inconscientes. São instrumento de uma consciência política", consagra.
Uma das entidades a postar Nota de Condolências em razão da fatalidade, a Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) desejou "força e coragem para todos(as) os que tiveram o privilégio de conhecê-la e de fazer parte de sua história.
"Moradora do Centro de Vitória, (...) Dona Laura era um dos nomes mais importantes da representatividade e história afro-capixaba (...) Desejamos aos familiares e amigos o conforto espiritual e que sua história de vida e representação seja contada por várias e várias gerações, de maneira especial à sua descendência".
A escritora Bernadette Lyra ressaltou, em postagem em uma rede social de Paulo Fernandes, que "gostava de vê-la caminhando na rua, amparada pelo braço do filho, uma verdadeira cena de amor, dignidade e respeito à nossa ancestralidade! Vá na luz de Nzmabi, Dona Laura!"
Matriarca da cultura Bantu no Espírito Santo é homenageada - Século Diário
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Comentários: 1
Triste noticia. Paz a sua Alma.