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Passado, presente e futuro em Conceição da Barra

Exposição de Thiago Balbino marca a retomada das mostras presenciais em galeria do município

Divulgação

“Akojopo” em Iorubá significa colagem, junção, combinação, adição. Esse foi o nome escolhido para a exposição do artista capixaba Thiago Balbino, que começa neste sábado (4), em Conceição da Barra, norte do Estado, e vai até 29 de novembro. Trazendo o afrofuturismo em uma série de fotocolagens, as obras fazem uma ponte entre presente, passado e futuro, colocando personagens negros como protagonistas em um mundo lúdico, mas possível.

Esta será a primeira exposição presencial na galeria Casa da Barra, desde o início da pandemia do coronavírus. Ao todo, serão expostas 11 obras, que trazem consigo tecnologia, ciência cultura, religião e tradição ancestral. A história contada por Balbino, por meio das instalações artísticas, também fala de um estado híbrido entre o ser humano e a máquina.

“É uma forma de fazer uma projeção do futuro, uma especulação para o que pode ser esse futuro a partir dessas imagens recortadas (…) Nesse trabalho, faço essa assimilação de vários elementos culturais, a partir da fotografia, para apresentar uma projeção do que poderia ser o futuro lúdico, até mesmo fantasioso, em que exista esse alinhamento entre humano, máquina e natureza, em uma espécie de equilíbrio”, explica o artista.

Apesar de ter os pés no futuro e inspirações lúdicas, as obras também fazem referência ao local onde Thiago tem suas raízes: Conceição da Barra. Mesmo tendo nascido em Vitória, as memórias do norte do Estado são constantes nas obras do neto de Tertolino Balbino, mestre emérito do Ticumbi de São Benedito, o mais tradicional grupo do Estado. Após sete anos morando na Alemanha, o artista voltou ao Espírito Santo para dar andamento a projetos profissionais e colocar em prática o que aprendeu nas voltas ao mundo.

“Tive uma oportunidade única de estudar fora, conhecer a Europa, e trazer um pouco dessa expertise aqui pra minha região e fazer esse diálogo com o semelhante. Porque eu penso também que é muito importante adquirir todo esse conhecimento, mas ele só se torna realmente relevante, quando você consegue fazer diferença com esse conhecimento que adquiriu”, ressalta.

Nesse diálogo entre natureza e máquina, local e internacional, Thiago também apresenta figuras do manguezal, memória presente na história do capixaba. Em uma das obras, uma figura híbrida retrata um centauro com pernas de caranguejo, para conseguir habitar no mangue sem destruir, como o ser humano faz.

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“Coloco essas figuras como propostas para que, talvez, em uma ficção científica, em uma peça de criação, num sonho, numa imaginação do espectador, possam criar vida e mostrar alguma possibilidade de equilíbrio entre ser humano, cultura e avanço tecnológico”, enfatiza.

Tudo isso por meio da fotocolagem, linguagem que Thiago só começou a utilizar de maneira mais constante nos últimos anos. “Acho que também é resultado desses momentos pandêmicos, em que a gente tem que ficar em casa. Eu vi na possibilidade de colar e recortar, fazer essas montagens, uma coisa mais prática de idealizar, de colocar para fora uma ideia, uma perspectiva, um plano, uma projeção de um personagem”, relata o artista, que também continua produzindo desenhos e pinturas, tendo inclusive planos para uma exposição no ano que vem. 

O afrofuturismo e as tecnologias ancestrais

Movimento em evidência em várias partes do mundo, o afrofuturismo já fazia parte da linguagem artística de Thiago desde o período da faculdade, antes mesmo do artista entender do que o termo se tratava.

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 “Se a gente for colocar dentro da etimologia, do que significa afrofuturismo, vemos que é um movimento artístico, estético, cultural, que abraça pessoas artistas e produções pretas e que trazem como pano de fundo, como resultado da sua produção, especulações, perspectivas de uma ficção científica preta, onde a figura preta é protagonista (…) Então eu sempre meio que fiz isso na minha produção, sempre tive essa visão de colocar as figuras pretas como protagonistas, como o centro das atenções”, destaca.

Para além dos aspectos estéticos, Thiago também coloca em evidência questões culturais e ambientais sob a perspectiva de culturas pretas, analisando a influência da religião, ciência e inventividade desses grupos nos movimentos artísticos. Com obras produzidas entre 2020 e 2021, na exposição que começa neste sábado, Thiago propõe a construção de um futuro que avance, mas respeite as tradições ancestrais.

“A transformação que traz avanços é a mesma que pode deixar prejuízos. Saber fazer esse movimento de maneira equilibrada é o que a gente propõe, mesmo que, para isso, precise sair da caixa e imaginar um cenário em que coisas mágicas e o impossível podem acontecer”, declara.

SERVIÇO

Exposição Akojopo
Data: 4 de setembro a 29 de novembro.
Horário de estreia: 16h
Endereço: Rua 23 de Maio numero 91. centro – Conceição da Barra
Entrada franca

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