Sexta, 19 Abril 2024

Retratos da vida

Retratos da vida

 

 
Em 1913, em passagem pelo Brasil, Lasar Segall (1891-1957) montou sua primeira exposição individual em São Paulo. As obras mesclavam impressionismo com um estilo pessoal que começava a se afirmar. Sem repercussão junto ao público e à crítica, Segall retornou à Europa, mas a semente do modernismo havia sido plantada no Brasil.
 
A exposição A Gravura de Lasar Segall: Poesia da Linha e do Corte, que abre ao público nesta sexta-feira (10), no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes), revela a beleza de algumas das obras do grande artista, que 19 anos depois de sua tímida estreia retornou ao Brasil, onde morou até a sua morte. A mostra é fruto da parceria entre o SESC e o Museu Lasar Segall de São Paulo, que possui as matrizes originais das gravuras e cedeu as reproduções das obras para a exposição no Espírito Santo.
 
De origem judaica, Segall nasceu na Lituânia e manifestou desde cedo interesse pelas artes. Estudou na Espanha e na Alemanha e também expôs em diversos países da Europa, mas foi no Brasil que encontrou sua verdadeira inspiração. Os personagens de seus desenhos foram mulatas, negros, marinheiros e prostitutas.
 
Nesta exposição serão apresentadas gravuras criadas por Lasar Segall entre 1913 e 1930, período que se dedicou aos temas brasileiros. “Suas figuras mais recorrentes foram representações de estrangeiros e cenas cotidianas”, diz Lúcia Helena, técnica em artes visuais do Sesc. Ela acompanhou a produção da mostra desde o começo e considera o artista uma das maiores influências para os artistas brasileiros da época.
 
“Segall possui um olhar apurado e consegue compor cenas fortes, que ficam ainda mais impressionantes com a estética da xilogravura, que resulta uma imagem chapada com traços brutos e em preto e branco”, aponta Lúcia. Além da xilogravura, em que a matriz é entalhada na madeira, Segall também possui trabalhos com ponta seca, que produz linhas mais suaves e a matriz é feita em metal, e litogravura, que utiliza a pedra como suporte para o original.
 
Lúcia explica que a mostra pretende apontar ao público as diferenças entre as gravuras feitas em matrizes diferentes. E para alcançar o maior público possível, antes da abertura da exposição, o Sesc capacitará 300 professores da rede pública estadual, municipal e privada, além da equipe interna do Maes. Os professores receberão material didático para trabalharem dentro da sala de aula com os alunos. “O objetivo é torná-los multiplicadores dos conhecimentos sobre a produção artística de Lasar Segall”.
 
Além de desenvolver um trabalho educativo, também há um projeto de valorização da arte local. Junto com as obras de Lasar Segall estarão expostos trabalhos em gravura de 11 artistas capixabas e mais três professores universitários, que depois serão lançados em um catálogo. Durante a exposição serão exibidos, no auditório do Maes, vídeos sobre o contexto histórico-cultural do artista, seu trabalho e as técnicas que utilizava.
 
 
Na prática
O projeto Maes na Tela vai oferecer oficinas de xilografia e calcografia (oco relevo), nas quais os interessados aprenderão as técnicas desenvolvidas por Lasar Segall em suas obras. As aulas serão ministradas pelo professor Fernando Gomez (Ufes), que ensinará os três processos da gravura: desenhar, entalhar e imprimir uma matriz.
 
Além dos suportes tradicionais como a madeira e o metal, o professor também irá utilizar borracha, isopor, caixa de sapato e outros materiais que sejam acessíveis a todos. As oficinas acontecerão ao longo da exposição e as inscrições podem ser feitas a partir de sexta-feira dia pelo blog do Maes
 
Serviço
A exposição A Gravura de Lasar Segall: Poesia da Linha e do Corte, será aberta ao público nesta sexta-feira (10) no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes). Av. Jerônimo Monteiro, 631, Centro, Vitória. Visitação: terça, quinta e sexta, das 10h às 18h; quarta, das 10h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 17h. Agendamento de visita pelo blog do Maes. Até 28 de outubro.

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