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Voo baixo

 

À frente do psicodélico Cérebro Eletrônico, Tatá Aeroplano se tornou uma personalidade de destaque no cenário da música independente. Agora, com novas parcerias, o compositor apresenta um álbum solo que leva apenas seu nome artístico – Tatá Aeroplano – e que se debruça sobre as ruas, janelas e pessoas de São Paulo. O cotidiano é a obsessão de Tatá. 
 
 
A irônica música Sartriana abre o disco com uma personagem que se faz de deprimida e intelectual, mas é adepta da filosofia libertária de Jean-Paul Sartre só da boca pra fora, “Vive reprimida / Sua vida se reduz a orgia embalada a pó”, canta. Sem pudores, Tatá segue com letras irreverentes e arranjos com guitarras distorcidas e o som nostálgico do piano elétrico melotron. 
 
Entretanto, comparado aos trabalhos do Cérebro Eletrônico, o disco é calmo, com mais baladas e menos experimental. As canções são simples relatos, como em Par de Tapas que Doeu em Mim, que conta uma história de mais de 10 minutos sobre uma briga de casal em plena Rua Augusta. A crônica é uma espécie de bolero arrastado, a melodia vai se tornando mais intensa à mesma medida da violência. 
 
A melancólica Um Tempo Pra Nós Dois, apesar da linguagem banal, “Tenho medo de parecer pentelho / Seu pedir um beijo, se eu pedir seu peito / Se eu pedir arrego”, é uma balada singela que dá vontade de cantar junto. Nas 10 faixas, Tatá explora os temas mais diversos, fala livremente sobre sexo, drogas e melancolias.
 
Há também canções mais intimistas, como a poética Uma Janela Aberta, na qual o cantor divide os vocais com Bárbara Eugênia, e Te Desejo Mas Te Refuto. As duas faixas são baseadas só em voz e violão e possuem um arranjo mais elaborado. Mas o melhor talvez o músico tenha deixado para o final.
 
A dupla Machismo às Avessas e Night Purpurina parecem se completar na sonoridade de rock dos anos 1970 e na letra ligada à cultura pop. Na primeira, ele chora por não encontrar “uma guria para passar meus dias”. Porque todas “saem pra caçar no melhor estilo Sex and the City”. E declara: “Sou um feminista triste”. 
 
          
 
Night Purpurina conta os surtos de uma garota, “Numa badtrip retrô / Você deslumbrou / E me disse / Quero ser rica e famosa / Como a Brigite Bardot”. No outro parágrafo, a musa escolhida é Amy Winehouse e a menina passa “desperdiçando seu tempo com poetas beatniks”. Diferente da primeira, guitarra se sobressai ao teclado na melodia. 
 
O disco Tatá Aeroplano foi produzido por Crowdfunding, sistema de financiamento coletivo que arrecada dinheiro pela internet. Por isso o lançamento do álbum atrasou alguns meses. Mas finalmente o trabalho, autointitulado, encontra-se disponível para audição, download e venda no site oficial do músico.

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