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Centro das Juventudes de Cariacica vai reabrir em até trinta dias

Jovens de Castelo Branco apontam que reabertura é fruto da mobilização

O Centro de Referência das Juventudes (CRJ) Cariacica, localizado em Castelo Branco, tem até 30 dias para retomar suas atividades. A informação foi repassada a Século Diário pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH), chefiada por Nara Borgo. Além disso, informa a pasta, a Organização Social (OSC) Avante Social, que vai gerir o equipamento, “já iniciou o período de contratação de equipe básica e adequação do espaço”.

Governo ES

O Termo de Colaboração 005/2025 foi publicado na última sexta-feira (5) no Diário Oficial, com valor de R$ 2,7 milhões. O CRJ Cariacica está fechado há quatro meses, desde o fim do contrato com a Organização Não Organizacional (ONG) Cieds, que fazia a gestão do espaço.

O produtor cultural André Vieira aponta que a reabertura do CRJ é resultado da mobilização da juventude local, que reivindicou a volta do equipamento em vídeo publicado nas redes sociais, e de jovens de outras localidades, como o Território do Bem, que divulgaram uma nota de apoio aos de Castelo Branco. “Se não fosse a cobrança da juventude em cima do governo, a situação estaria parada ainda. A mobilização valeu a pena e sempre vai valer”, comemora.

Nos CRJs são realizadas diversas atividades educacionais, esportivas e culturais. André destaca, entre elas, curso de barbearia e de informática, aulas de dança e a disponibilização de um estúdio de gravação, inaugurado seis meses antes do fechamento do CRJ, após um abaixo-assinado da comunidade.

“O CRJ é um divisor de águas dentro de Castelo Branco, é o brilho que tem dentro da comunidade, a esperança do jovem dentro de um lugar marcado pelo tráfico. Se faz presente na comunidade, coisa que o governo nunca fez. Acolhe quem está no tráfico e impulsiona”, ressalta.

O CRJ de Novo Horizonte, na Serra, também se encontra fechado há cerca de quatro meses, desde o fim do contrato com a Cieds. A estudante Thaisa Pereira era uma das frequentadoras desde 2022, quando participou de atividades como oficinas de trança e dança. Nos últimos tempos, estava focada na oficina de pintura Pincelando Fatos, iniciativa que possibilitou a ela e a outros jovens a participação em uma exposição em um museu do Rio de Janeiro.

“O CRJ é um ambiente que tira o jovem da rua. Promove eventos, traz coisas que a maioria das pessoas do bairro não têm acesso. Democratiza o acesso à cultura, ao lazer, ao esporte. Eu via no CRJ algo que dizia ao jovem que ele pode ficar ali dentro vivendo, existindo, ou ficar lá. Os jovens escolhiam ficar lá dentro”, diz.

Fechado desde o dia 10 de julho, o Centro de Referência das Juventudes (CRJ) de Colatina, no noroeste do Espírito Santo, também tem feito falta para seu público-alvo. É o que afirmam jovens que eram usuários do equipamento. O fechamento do CRJ aconteceu com o fim do contrato com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Abequar, que fazia a gestão do espaço.

A estudante Emanuelly Carvalho de Moura é uma dos jovens que frequentavam o CRJ. Ele diz que uma das funções do centro é tirar a juventude das ruas. “Aqui em Colatina muitos estão nas ruas usando drogas. Para mim, não poder ir ao CRJ é entediante. O CRJ era um passatempo. Eu saia da escola e ia para lá”, conta. A estudante relata que fez vários cursos no equipamento, como os de trança, unha, barbearia e sombrancelha, e também oficinas de música, dança, pintura e autocuidado.

Outro jovem que participava ativamente das atividades do CRJ é o açougueiro e cantor de Rap Maycon Bernardo Nonato dos Anjos, que, inclusive, conseguiu o emprego como açougueiro através do CRJ. “Eu falei que estava procurando emprego e me encaminharam para este que estou hoje”, afirma.

Foi também no CRJ, recorda, que ele teve auxílio para escrever projetos para editais de cultura, tendo conseguido aprovar a produção de um videoclipe por meio dos editais da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo (Secult). Maycon, que é morador do bairro Ayrton Senna, onde o CRJ está localizado, afirma que a região é carente de opções de lazer para os jovens, sendo o equipamento uma das poucas alternativas. “O CRJ, para mim, é oportunidade, acolhimento. Tem psicólogo, cursos, eventos. É um lugar para se encontrar, se distrair”, exalta.

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