Domingo, 19 Mai 2024

Estudantes sofrem intimidação durante premiação no Museu do Negro

Alunos da rede municipal de ensino de Vitória, que estavam presentes no Museu Capixaba do Negro (Mucane) nesta quarta-feira (5), para receber o prêmio Olga Maria Borges, que homenageia escolas com práticas positivas, foram abordados de maneira truculenta pela Polícia Militar segundos antes de receberem a honraria. 

 
A Secretaria Municipal de Educação concede a homenagem a escolas que desenvolvem práticas antirracistas e que buscam aplicar no cotidiano a Lei Complementar 10.639/2003, que institui o ensino de história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio.
 
Receberiam a homenagem os alunos da Escola Fundamental de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (Emef EJA) Admardo Serafim de Oliveira. Os dois grupos eram formados por idosas que tomam aulas no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Andorinhas e do Centro de Referência de Assistência Social para Pessoas em Situação de Rua (Creas/Pop) do bairro Mário Cypreste.
 
No entanto, no momento em que o professor desses dois grupos, Carlos Fabian de Carvalho, recebia o prêmio, dois alunos do Creas/POP foram abordados por policiais militares de maneira truculenta, alegando que haviam sido acionados pelos vigilantes do Mucane. “Esses alunos iriam ser chamados ao palco em menos de um minuto, afinal, o prêmio era deles”, contou o professor. 
 
Em carta, o professor, em nome da escola, se desculpou aos alunos que sofreram a humilhação no museu e relata como se deu a abordagem. O documento ressalta que os 13 alunos, que são pessoas em situação de rua, chegaram ao museu em um carro oficial acompanhados de seis professores. Ao entrarem no museu, os alunos passaram pelas exposições e se dirigiram ao local da premiação. 
 
Quando iriam ser homenageados, dois alunos do Creas/POP foram abordados pelos policiais militares de maneira violenta. O professor desceu do palco para mediar a situação, momento em que os policiais afirmaram que receberam um chamado da vigilância do Mucane e resolveram abordar os alunos. A carta diz, ainda, que segundo o vigilante, os estudantes estavam descalços e olhavam de forma diferente para sua arma.
 
Carlos Fabian acrescenta que o local tinha cerca de 400 pessoas, mas somente os professores que acompanhavam os alunos e dois servidores da Secretaria Municipal de Educação se manifestaram contra a abordagem truculenta. 
 
Como forma de expressar a indignação com o fato, os alunos e professores da EMEF EJA Admardo Serafim de Oliveira seguiram em marcha até a escola Creas/POP de Mário Cypreste e lá se desculparam formalmente aos os alunos.  

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