Sábado, 27 Abril 2024

Negros têm a expectativa de vida reduzida em 5,2 anos no ES

Negros têm a expectativa de vida reduzida em 5,2 anos no ES
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta terça-feira (19), o estudo Vidas Perdidas e Racismo no Brasil, na véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20). O estudo revela dados de mortes violentas de negros e de não-negros por gênero, região do País e estados. O levamento foi feito pelo diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira, e por Rodrigo Leandro de Moura, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
 
O estudo corrobora com as estatísticas do "Mapa da Violência 2013 – homicídios e juventude no Brasil" e coloca o Estado em segundo do País em homicídios de negros, com taxa que passa de 80 por grupo de 100 mil. O Estado está atrás somente de Alagoas em mortes violentas de negros. Entre brancos, a taxa de homicídios não chega a 30 por 100 mil. O Ipea agrupou os indivíduos em dois grupos, sendo o primeiro a agrupação entre pretos e pardos, considerados negros; e o segundo brancos, indígenas e indivíduos de cor ou raça amarela, de acordo com a classificação utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS).



 

No Brasil, a taxa de mortes de negros é de 36 por 100 mil, já entre os não negros é de 15,2. Isso quer que, a cada branco que morre, outros 2,4 negros têm morte violenta.

 
A alta taxa de mortes violentas de negros acaba por reduzir a expectativa do homem negro. O estudo mostra, que assim como na taxa de homicídios, o Estado é o segundo do País em perda de expectativa de vida de negros, atrás também de Alagoas. No Espírito Santo os homens negros têm perda de 5,2 anos na expectativa de vida. Em Alagoas a redução chega a 6,2 anos. A pesquisa salienta que a perda de expectativa de vida é ocasionada, primordialmente pelos homicídios.



Enquanto a o maior fator de morte de negros é o homicídio, entre os brancos são os acidentes de transporte. Isso demonstra, mais do que a seletividade na morte de negros, há também o acesso mais amplo da população branca a meios de transportes.
 
Um dos objetivos do estudo é também discutir as evidências empíricas envolvendo os homicídios. A cor ou raça, segundo o estudo, podem estar relacionadas ao racismo. 
 
O estudo aponta que a escravidão deixou à nação um contingente populacional com baixíssimos níveis educacionais, além de uma ideologia racista. “Por sua vez, a ideologia do racismo afeta a prevalência de homicídios de negros, possivelmente, por dois canais. Indiretamente, a discriminação pela cor da pele pode afetar a demanda por trabalho de negros para postos mais qualificados, ou bloquear oportunidades de crescimento profissional. Pelo lado da oferta de trabalho, o racismo cria determinados estereótipos negativos que afetam a identidade e a autoestima das crianças e jovens negros”, diz o estudo. 
 
A pesquisa ressalta que, por um lado, a letalidade violenta de negros no Brasil associada à questão socioeconômica, em parte, já decorre da própria ideologia racista. “Por outro lado, a perpetuação de estereótipos sobre o papel do negro na sociedade muitas vezes o associa a indivíduos perigosos ou criminosos, o que pode fazer aumentar a probabilidade de vitimização destas pessoas, além de fazer perpetuar determinados estigmas”.
 
O racismo institucional também é abordado pelo estudo, que salienta que um caso particular de racismo envolve o funcionamento das polícias em muitas localidades do País. “Essas organizações constituem a ponta do sistema de justiça criminal mais perto do cidadão e, portanto, são elas que primeiro deveriam resguardar os direitos civis, a isonomia de tratamento ao cidadão e a sua incolumidade física. No entanto, não é difícil colecionar situações em que as abordagens policiais e o uso excessivo da força são totalmente diferenciados quando as relações se dão com cidadãos negros”, ressalta o estudo. 

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