Sindilimpe denuncia truculência da PM e cobra “investigação imediata dos abusos”

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Limpeza e Conservação do Espírito Santo (Sindilimpe-ES) denuncia “truculência policial” direcionada a manifestantes na manhã desta quarta-feira (23), em frente à portaria da ArcelorMittal Tubarão, na Serra. Funcionários da área de asseio e conservação de cinco empresas do Estado iniciaram uma greve nessa segunda-feira (21).
De acordo com o sindicato, os trabalhadores estavam protestando pacificamente, “quando foram surpreendidos por uma intervenção desproporcional da PM [Polícia Militar]”. Bombas de efeito moral, balas de borracha, gás lacrimogênio e spray de pimenta foram utilizados contra os manifestantes.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram a atuação da PM contra os manifestantes. Uma das gravações registra um policial arrastando uma trabalhadora pelo asfalto, enquanto a tropa utiliza gás lacrimogênio e bombas de efeito moral para dispersar quem estava ao redor. Em outros vídeos, manifestantes mostram marcas de tiros de borracha no pescoço e na cabeça.
O Sindilimpe informou que, pelo menos, quatro trabalhadores, entre eles um diretor do sindicato, ficaram feridos e tiveram que ser encaminhados para atendimento em unidades de saúde. Já a diretora da entidade que foi arrastada por um dos policiais não precisou ser atendida.
“A PM justificou a ação alegando ‘hostilidade’ por parte dos grevistas, mas vídeos compartilhados nas redes sociais e na imprensa mostram claramente a ausência de agressões prévias por parte dos trabalhadores, que apenas exercitavam seu direito constitucional de manifestação”, diz em nota de repúdio.
Para o Sindilimpe, a ação da Polícia Militar seguiu um “padrão recorrente de criminalização dos movimentos sociais”, ferindo o artigo 5º da Constituição Federal, que garante a livre manifestação do pensamento. “A ArcelorMittal, que lucra bilhões, se omite diante da violência contra trabalhadores que garantem seu funcionamento. Exigimos que a empresa se posicione contra a repressão e negocie com os trabalhadores”, acrescenta o documento.
Diante dos fatos, o Sindilipe afirma que vai continuar com a paralisação, e exige investigação imediata dos abusos policiais, com responsabilização dos agentes envolvidos; garantia do direito de greve sem intimidação ou violência; e retomada das negociações, com mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Durante sessão da Câmara de Vitória realizada nesta quarta-feira, o vereador Raniery Ferreira (PT) também condenou a violência policial contra os manifestantes.
A greve
A greve engloba trabalhadores do asseio e conservação que atuam na ArcelorMittal Tubarão, na Serra; Samarco, em Anchieta (sul do Estado); Suzano (ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose) e Portocel e Jurong, em Aracruz (no norte). A decisão foi tomada no último dia 11, quando foram realizadas assembleias na porta das empresas.
A reivindicação dos trabalhadores é por melhorias de benefícios, como vale-alimentação e vale-transporte, e a conquista de outros, como a Participação no Lucros e Resultados (PLR) e a cesta natalina. “A categoria reivindica melhores condições de trabalho e de vida. Tentamos essas melhorias negociando com os patrões, mas não houve avanço. Por isso, os trabalhadores participaram das assembleias e aprovaram a greve”, aponta Evani dos Santos, presidente do Sindilimpe.
A dirigente sindical explica que os trabalhadores querem igualar os benefícios, pois há disparidade entre as empresas. Ela informa que, depois da pandemia da Covid-19, os trabalhadores da Vale fizeram várias manifestações, o que ocasionou na conquista de alguns direitos, como aumento do vale-alimentação para R$ 1,2 mil, desconto de R$ 5,00 no vale-transporte, PLR de um salário mínimo (R$ 1.518,00) no dia do aniversário, e cesta natalina.
Algumas dessas conquistas já foram alcançadas em outras empresas, como na Suzano, onde os trabalhadores recebem a cesta natalina, e na ArcelorMittal, que paga a PLR. Contudo, tanto os trabalhadores dessas empresas quanto os da Samarco, Log-In Logística e Vports, Oiltanking Terminais, Chocolates Garoto, Portocel, Jurong e Cacau Show querem igualar os benefícios em relação aos da Vale.