Quinta, 02 Mai 2024

​Refugiados venezuelanos denunciam situação de abrigo e decidem deixar Vitória

cacique_rubem_FotoReprodiuo Reprodução

Um grupo de 29 refugiados venezuelanos da etnia Warao aguarda na Rodoviária de Vitória para ir embora para Juiz de Fora, Minas Gerais, na noite desta quinta-feira (8). Eles estavam há quase quatro meses na Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul. A retirada do local se deu devido à falta de providências da gestão municipal em relação a problemas causados pelas chuvas. O imóvel alagou, havendo transbordamento de esgoto e permanência de fezes no chão, conforme afirma a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, que mantém contato com os Warao.

Brunela relata que eles informaram a servidores da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) sobre a situação, mas não tiveram sua demanda atendida. A informação contraria uma nota divulgada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), que afirma que "os venezuelanos manifestaram na data de ontem (7/12/22) interesse em ir para a cidade de Juiz de Fora, MG".

A pasta diz ainda que comunicou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), buscando orientação, e fez contato com a Secretaria de Direitos Humanos de Juiz de Fora. "Após o acordo do cacique do grupo, passamos a providenciar as passagens para a data mais próxima, permitindo que o grupo viaje junto". O texto prossegue dizendo que "no entanto, deliberadamente na noite de ontem, o grupo entrou em seis táxis e deixaram a Unidade de Inclusão Produtiva, que serve de abrigo provisório localizado em São Pedro".

Brunela reafirma que o grupo ainda não foi embora, encontrando-se na rodoviária. "A informação que tenho é outra. Eles não decidiram ir para Juiz de Fora, eles queriam sair do abrigo, porque ele estava inundado por esgoto e fezes. Indagaram isso aos servidores da prefeitura no local, que no final da discussão, falaram que eles não poderiam mais dormir lá, que fossem embora", diz. 

Ela relata ainda que os Warao passaram a noite na rodoviária e que uma criança com febre foi atendida no posto da Ilha do Príncipe na manhã desta quinta-feira (8). "Lastimável o posicionamento da prefeitura, que em nota atribui às vítimas as causas da violação de seus próprios direitos humanos", denuncia.

Em novembro, 21 venezuelanos da etnia Warao partiram para Belo Horizonte, também em Minas Gerais. O grupo que foi para a capital mineira tomou a decisão por vontade própria, pois achava o abrigo provisório pequeno para a quantidade de moradores. Na ocasião, a Prefeitura de Vitória informou que o grupo alegou que um de seus membros tem um irmão em Belo Horizonte que poderia recebê-los, e fez contato com a ACNUR, que orientou que, diante do desejo deles, a administração municipal não podia impedir que seguissem.

Ainda de acordo com a prefeitura, a Semas fez contato com a secretaria de Belo Horizonte e adotou os protocolos previstos no Sistema Único de Assistência Social (Suas). "Após acionada, uma equipe da assistência social de Belo Horizonte esteve na rodoviária para o acolhimento", disse. 

Os Warao chegaram a Vitória em agosto último, deixados na Rodoviária de Vitória por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Inicialmente, foram levados para o Centro Pop, mas depois encaminhados para a Casa Azul, que, segundo Brunela, não comportava adequadamente o grupo, composto por 51 famílias, já que um chegou depois, também vindo de Teixeira de Freitas.

Chegou a ser cogitada a possibilidade de abrigá-los na extinta Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Maria Ericina Santos, no bairro Santa Clara, em Vitória. Entretanto, os moradores reclamaram de que em nenhum momento a comunidade foi procurada para dialogar sobre a questão e não sabiam até que ponto a iniciativa poderia afetar o acesso deles ao espaço e fazer com que não haja avanço em reivindicações antigas que dizem respeito à utilização do imóvel.

Venezuelanos que estavam em Vitória se mudam para Belo Horizonte

Grupo com 21 pessoas tomou a decisão por vontade própria, pois achava abrigo disponibilizado pela prefeitura pequeno
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Sexta, 03 Mai 2024

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